O homem sem doença - Arnon Grunberg

sexta-feira, agosto 30, 2019 0 Comments A+ a-



   O homem sem doença conta a história de Sam, um jovem arquiteto nascido na Suíça mas que possui herança Indiana. Sam se considera um homem prático e racional, um cidadão do mundo destinado a grandes feitos. Após a morte do pai, quando Sam tinha 16 anos, ele assumiu a função de homem da casa com a seriedade que lhe era esperada, cuidando da irmã (que possui uma doença degenerativa) e da mãe com toda a seriedade que a função exige.
   Quando é convidado ao Iraque para realizar o projeto de um teatro de óperas, Sam pensa que esse é apenas o começo de uma carreira que já se mostrava promissora. O que ele não esperava é a série de mal entendidos ocorridos nessa viagem, que iriam mudar a vida de Sam para sempre.
   Arnon Grunberg é um autor que eu já queria conhecer há muito tempo, não é a toa que tenho os dois livros dele que foram publicados aqui no Brasil. Mesmo assim, peguei O homem sem doença meio que por um acaso na estante - achei que seria divertido ler uma história que se passava parcialmente em pais árabe enquanto fazia uma escala em Istambul.
   De fato, foi uma leitura bem rápida e bem interessante. A trama, embora possua as suas peculiaridades, tem alguns elementos que fizeram com que eu me lembrasse principalmente de dois livros: O estrangeiro de Alberto Camus e O processo de Franz Kafka. O primeiro, entre outras coisas, pela indiferença que o personagem sente perante as pessoas a seu redor. O segundo de maneira mais relacionada a trama, no sentido de que Sam é acusado de forma aparentemente muito similar a que foi acusado K. no romance checo. Essas duas referências dão uma boa ideia do que se pode esperar desse romance curto e cheio de nuances.
Enquanto eu virava a madrugada sem Internet em um aeroporto turco, me senti particularmente entretida com a história de Sam. Não que eu sinta qualquer simpatia pelo personagem, este mostrou, ao longo da história (principalmente através de insinuações do autor sobre a relação dele com sua irmã) ser um sujeito particularmente abjeto. Ao mesmo tempo, porém, há um interesse perverso em acompanhar tudo o que sai dando errado na vida desse personagem.
   A orelha do livro classifica o desfecho como chocante mas esse termo me pareceu um pouquinho sensacionalista. Abre-se sim uma nova possibilidade de interpretação mas, como em outros momentos da obra, o autor não deixa nada muito claro também aqui. Você pode ler o que o narrador em primeira pessoa diz nesse último capítulo de várias formas e tirar desta última parte várias interpretações. Eu, que já tenho um desconfiança natural de narradores em primeira pessoa, não achei nada muito chocante.
   A indicação deste livro é para os que querem um livro rápido e interessante, de um autor que foge um pouco do eixo EUA/Inglaterra. Não acho um livro particularmente imperdível mas gostei da leitura e pretendo conferir outras obras do autor.
   Nota 8 - bom livro

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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