Hereditário (Hereditary) - Review

sexta-feira, julho 20, 2018 0 Comments A+ a-



  A família Graham vive a perda da matriarca, a mãe de Annie. Embora tenha sido uma mulher não muito amável e um tanto misteriosa, isso acaba mudando a dinâmica na casa e causando mudanças em seus moradores. A mais afetada é Charlie, que aparenta ter sido mais próxima da vó do que de sua própria mãe.
    Esse é o ponto de partida para Hereditário, um filme de terror com ares de drama. Embora tenha seus momentos assustadores, é quando trata de emoções humanas como dor e luto que o filme se supera.
    A história se divide em três partes, cada uma delas assinalada de forma bem sutil, através de frases em latim (?) escritas na parede da casa. De todas, somente a terceira parte me parece ser dedicada ao terror de uma forma mais tradicional - as outras duas são um tom mais de suspense e, principalmente, drama.
    Isso não significa, porém, que Hereditário não seja um filme de terror que seja aquele bendito pós-horror, subgênero que críticos criaram para enquadrar os filmes de terror que eles gostam. Os melhores filmes do gênero contam histórias tristes ou dramáticas - a diferença é que, ao contrário dos queridinhos de Oscar e afins - esse drama é ponto de partida para o horror ser construído e não se esvai em si mesmo.
     Ao colocar Peter assistindo uma aula sobre "As Traquínias" de Sófocles, o roteiro parece enfatizar que, assim como Hércules, os personagens do filme não tem escolha e há uma série de elementos que reafirmam essa sensação. Desde a primeira cena - que parece se passar em uma maquete da casa e não da casa em si - até o frame final, há diversas referências ao destino, sina ou o que quer que seja aquilo que controla as ações dos personagens na história.
    Passe essa trama para um diretor menos cuidadoso e teríamos um filme apenas razoável mas o cuidado de Ari Aster em criar um ambiente angustiante e sua recusa em soluções fáceis (como os batidos jump scares) coloca Hereditário em um patamar superior. Os efeitos sonoros são enxutos e enfatizam os silêncios, ajudando a passar esse cenário angustiante que a família vive para o expectador.

    As atuações também são impressionantes - destaque para a atriz que faz Charlie e a incrível Toni Collette que dá vida a Annie Graham numa atuação digna de Oscar. É muito difícil que isso aconteça, claro, mas fica ai minha torcida para, ao menos, uma indicação.
    Revelar qualquer detalhe a mais sobre o enredo pode atrapalhar a experiência de descobrir aos poucos sobre o que é Hereditário, por isso não vou me estender mais. Meu único aviso é que o filme está dividindo bastante opiniões - assim como A Bruxa tem aqueles gostam e outros que não. Tudo depende das suas expectativas sobre o que um filme de terror pode ser e proporcionar e da sua capacidade de comprar a trama e seus desdobramentos.
    Considero Hereditário um dos melhores lançamentos do ano, com uma das cenas mais perturbadoras que já vi em filmes do gênero, que te deixa inquieto primeiro com a imaginação, depois através de sons e por último com a visão nua e crua do que de fato ocorreu (é a cena no meio do filme, be aware of). Minha única ressalva são alguns momentos do final que me pareceram expositivos demais - é como se o tivesse resolvido, de repente, explicar verbalmente a subtrama, fazendo com que o desfecho perca um pouco de seu caráter de caos e pandemônio.
    Indico demais para os fãs do gênero e até assistiria novamente se esse filme não tivesse me deixado sem dormir.
    Nota 9 - muito bom

|TRAILER|

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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