|RESENHA| O Aleph - Jorge Luis Borges
O Aleph é um livro que reúne 20 contos do aclamado escritor argentino Jorge Luis Borges. É um livro relativamente curto, 146 páginas que podem enganar o leitor mais ingênuo e fazê-lo pensar de que se trata de um livro "rápido". Porque, se em outras situações leriamos um livro desses em 1 ou 2 dias, em O Aleph as histórias são tão complexas que tempo para lê-las e pensar sobre seu conteúdo não é só desejado, é também necessário.
O tempo, aliás, é o mote
principal do primeiro conto, "O imortal". Nele, um o romano Flavius
parte em uma busca por um rio que, supostamente, daria imortalidade para todo
aquele que bebesse de suas águas. O que, nas mãos de outro autor poderia ser
apenas uma aventura fantástica, em Borges se torna um insight estupendo sobre
as agruras da imortalidade. E foi assim, logo na primeira história, que é eu
percebi que a leitura não iria ser tão simples quanto eu pensava.
"Ser imortal é coisa sem importância. Excepto o homem, todas as criaturas o são, porque ignoram a morte. O divino, o terrÃvel, o incompreensÃvel, é considerar-se imortal. " (Conto: O imortal")
Não tanto pelas palavras
difÃceis. Utilizei algumas vezes o dicionário do Kindle mas, na maioria dos
casos, não fará diferença você saber que a palavra X é um termo especÃfico para
uma das partes de um pilar, por exemplo. "O imortal" era um contos
cujo mote já conhecia e mesmo assim não estava preparada para lê-lo. O estilo
de narrativa de Borges é cheio de referências, reais ou fictÃcias e,
principalmente, cheio de alegorias e temas que, para os não-iniciados em sua
obra pode ser um pouco confuso de entender.
Depois desse primeiro
conto, "O morto". Esse parecia ter uma linguagem mais simples mas,
novamente, senti que estava perdendo algo. Foi então que resolvi parar a
leitura e procurar conhecer um pouco mais sobre esse autor. Nessa minha busca
meio preguiçosa (pelo celular) não encontrei muita coisa: li alguns textos em
blogs, o artigo sobre Borges no Wikipédia e
li bem por cima o livro "Borges em 90 minutos" do
autor Paul Strathern. Esse último foi o menos útil, pois a maioria das
histórias analisadas são do livro mais célebre do autor "Ficções" e
não havia muito sobre "O Aleph". No entanto deu para ter uma ideia
geral da biografia do autor e de seus temas, por assim dizer.
Foi através dessa pesquisa
que descobri que Borges tem muitos temas que lhe caros (ou alegorias, como eu
disse acima) e que ele cita frequentemente em suas obras: A biblioteca, O
espelho, O duplo, o eterno retorno (conceito Nietzschiano) são apenas alguns desses exemplos. Os
blogs me ajudaram a compreender esses temas recontes com mais profundidade e me
fizeram ver que esse sentimento vago ao ler suas histórias não era sinal de que não as estava entendendo: os contos de Borges são eternos, seus temas universais - talvez uma reeleitura me mostre neles coisas que não tinha percebido da primeira vez.
" - Não multipliques os mistérios - disse - Estes devem ser simples. Lembra a carta roubada de Poe, lembra o quarto fechado de Zangwill. - Ou complexos - replicou Dunraven. - Lembra o universo." (Conto: Abenjacan, o Bokari, morto em seu labirinto)
1 comentários:
Write comentáriosAdoro Borges!
ReplyOlá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!