|FILME| Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) Resenha / Review #Oscar2015
O filme Birdman ou (A Inesperada
Virtude da Ignorância) conta a história de Riggan Thomson, um ator que fez
muito sucesso nos anos 90 interpretando o super herói Birdman mas que agora
tenta relançar sua carreira fazendo uma peça na Broadway. Thomson espera que
com esse novo trabalho ele finalmente possa se desvincular do Birdman e do
cinema entretenimento que fez durante toda a sua vida.
Para
ajudá-lo, Riggan tem o seu amigo/advogado/produtor Brandom (Zach Galifianakis)
e sua filha Sam (Emma Stone) como sua assistente, além de todo o elenco e
equipe. Porém Brandom ainda precisa de um ator para co-estrelar a peça que irá
mudar a sua vida e é nesse momento que surge Mike Shiner (Edward Norton), um
ator experiente e que está disposto a interpretar a trabalhar na peça, embora
tenha sido chamado de ultima hora. Tudo pronto, a equipe começa a ensaiar
para a grande estréia, enquanto tenta se acertar nos bastidores. Egos, sonhos e
altas confusões os aguardam até o ‘grande dia’ e é nesse drama/ação que a
história se concentra.
Eu
confesso que esperava muito desse filme. Birdman (para efeitos de sanidade
mental vamos chamá-lo apenas de Birdman até o final da review) é um dos filmes
indicados ao Oscar 2015 desse ano e chega apontado por muitos como o favoritos. Além
disso a trama foi uma das que mais me interessou, razão pela qual eu procurei
esse filme para baixar (er, digam não a pirataria) assim que li a lista do
Oscar. E também é um dos motivos pela qual, antes mesmo de ver o filme, eu já
sabia um baita spoiler sobre ele (nota mental: nunca procure por um filme antes
de ser lançado. Nunca!)
Mas, mesmo com o spoiler, não estava muito bem preparada para Birdman. O diretor parecia estar querendo transmitir alguma mensagem com seu modo peculiar de narrar a história e posicionar a câmera: sempre perto do rosto dos atores ou seguindo-os, nunca parecendo haver cortes (embora certamente há) e com quase nenhuma trilha sonora - acho que o mais perto que chegamos de música, tirando um delírio do protagonista, foi um solo de bateria. Esse modo peculiar da obra, me deixou intrigada mas, com o tempo foi ficando cansativo todas aquelas voltas e movimentação.
Quanto o local em que se passa a história, as ações do filme parecem estar sempre confinadas ao teatro, seus bastidores e as ruas e lugares próximos. Riggan parece viver no teatro, sua casa nunca foi mostrada, e acho que isso foi proposital, para mostrar o quanto ele estava preocupado e vivendo aquele momento. Riggan não se importa muito com o que acontece a sua volta, preocupado como está com a retomada de sua carreira. A cena em que a ex-esposa lhe conta que vai voltar a lecionar e tem como resposta o anúncio de que ele está hipotecando a casa novamente (para pagar as contas do espetáculo) ilustra bem esse espirito egoísta e auto-centrado do personagem principal.
Falar de personagens me lembra atores e não posso continuar a falar sobre Birdman sem falar das atuações desse filme. Não só Michael Keaton está muito bem como Riggan, Emma Stone conseguiu convencer como a filha drogada do personagem principal (embora a menção ao Oscar tenha sido um tanto precipitada). Zach Galifianakis foi simplesmente surpreendente, ao mostrar que consegue fazer algo além de comédia besteirol e é uma pena o Oscar tenha ignorado sua atuação - mesmo reconhecendo que Edward Norton (o indicado a melhor ator coadjuvante desse filme) também tenha feito um excelente trabalho. Todo o elenco do filme, de modo geral, está de parabéns e é um dos pontos altos do filme, ao menos para mim.
Por outro lado, existiram muitos pontos que me incomodaram em Birdman, ao maioria dele com relação a história. Eu nem tenho forças para desgostar desse roteiro mas, conforme foi chegando ao final e as críticas e metáforas foram crescendo eu fiquei um pouco incomodada. Parecia que eu estava vendo na tela um manifesto de algum autor independente sobre o que é arte para entretenimento e o que é arte de verdade e como uma pessoa pode (ou não) fazer uma transição a outra já que há celebridades e atores e aquilo é teatro e atores são mais importantes que simples celebridades... Ok, eu entendi. Junto esses diálogos cheio de conteúdo e alguns momentos engraçadinhos (normalmente passados durante o espetáculo teatral) e você pode ter uma boa ideia de Birdman. Ah, adicione alguns super heróis e super-poderes também por via das dúvidas.
Acho que o grande problema para mim não foi nem a história mas o valor todo que deram a ela. Birdman ganhou diversos prêmios no cinema e tudo o que fez foi falar da própria indústria do entretenimento de uma maneira irônica e metalinguística e, bem, chata. Sim, eu saquei a ironia em colocar Michael Keaton como ex-interprete de um super herói nos anos 90, principalmente quando Keaton fez Batman também nos anos 90. Percebi que aquela banda e aquele homem aranha do final, além daquelas explosões e vôos medonhos eram apenas uma crítica velada a esse teatro/cinema de entretenimento e que o final foi apenas uma reflexão sobre como, até mesmo na arte, uma boa quantidade de sangue e explosões ainda consegue algum resultado nas críticas.
Parabéns aos roteiristas, vocês fizeram um filme todo engraçadinho e intelectual. Tenho certeza de que o pessoal que vive nesse meio deve ter adorado todas essas suas sacadinhas e seu retrado fiel (?) dos bastidores de uma peça teatral. Isso certamente te deu vários prêmios e elogios mas não faz seu filme algo que as pessoas normais (não a galerinha pretensiosa) queiram assistir.
Na verdade, o filme é na maior parte do tempo bem maçante e WTF - só assisti para saber onde ia, mas parei diversas vezes. No final, o sentimento de WTF foi crescendo e, sim, eu saquei que a fantasia e a 'realidade' estão todas embaralhadas. O fato é que um dos meus filmes favoritos de todos os tempos utiliza a mesma tática e conseguiu resultados muito melhores, e isso só me deixou mais incomodada com Birdman. A intenção pode ter sido de criar uma comédia mas eu tampouco ri.
Logo, para quem posso indicar Birdman? Certamente para você que se acha um pouco mais entendido de cinema e está disposto a tagarelar por horas sobre tudo isso. Para as pessoas normais: é melhor ir ver outro filme de herói. Nota 6, 5 - eu não gostei mas dei meio ponto pelas atuações.
P.S.: Em tempos, começo a perceber que o Oscar é uma cerimônia muitas vezes injusta e auto-centrada.
P.S.2: Porque o trailer tem essa música toda descolada e o filme não?
P.S.2: Porque o trailer tem essa música toda descolada e o filme não?
Birdman ou (A inesperada Virtude da Ignorância) concorre ao Oscar nas categorias: melhor filme, direção (Alejandro G. Iñárritu), ator (Michael Keaton), ator coadjuvante (Edward Norton), atriz coadjuvante (Emma Stone), fotografia, edição de som, mixagem de som e roteiro original.
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