A forma da água (Review) #Oscar2018
Elisa trabalha na limpeza de uma base americana, durante o período que aparenta ser da Guerra Fria. Ela leva uma vida pacata e rotineira, tendo como única companhia seu vizinho Giles e os gatos dele.
É quando trazem para a base uma estranha criatura que Elisa parece encontrar um propósito para sua vida. Imediatamente ela se sente ligada a esse "monstro" do mar, que parece retribuir sua afeição.
Guilherme Del Toro entrega mais um filme encantador e bizarro em iguais proporções. É desconcertante a forma como ele consegue nos convencer da história de amor entre uma moça muda e uma criatura do mar mas é exatamente isso o que acontece. Tudo é tão bem produzido e feito de uma forma tão cativante que você acaba envolvido na história, por mais bizarra que possa parecer.
Como é Del Toro você acaba sendo redundante ao falar sobre produção, maquiagem e efeitos visuais mas é necessário dizer que aqui ele continua impecável como sempre. O visual da "criatura" é uma das atrações do filme, tão realista que impressiona. Me lembrou um pouco Abraham, o monstro aquático intelectualizado de HellBoy, que é do mesmo diretor.
Quanto a história em si, achei algumas partes previsíveis mas, creio, isso é meio que o charme do filme. É como se estivéssemos assistindo uma história de amor clássica, saída de um filme de anos atrás... Mas como um toque fantástico.
Essa abordagem da ambientação no passado misturada com aspectos fantásticos é algo já utilizado em "Labirinto do Fauno" por exemplo. Seria possível, inclusive, dizer que as duas tramas se espelham em muitos aspectos - até mesmo em uma outra imagem. Um sinal de que o cineasta está perdendo sua criatividade ou apenas sua assinatura pessoal ecoando nos dois trabalhos? Decidam vocês.
Falando da música, esta desempenha um papel importante para que essa história seja contada. Seja pelas canções escolhidas (You'll never know...) ou pela trilha sonora de Alexandre Desplat, é a música que nos liga a essa história e esses personagens.
Outro ponto digno de nota são as atuações. Fiquei tão impressionada com Sally Hawkins que tive que procurar na Internet para saber se ela era muda na vida real. Michael Shannon está no-jen-to como o Coronel Strickland, um vilão dos piores que já vi, mas sem ficar (muito) caricato. E, para coroar, dois coadjuvantes de peso: Richard Jenkins (que faz o papel do vizinho e narrador da história) e Octavia Spencer, que deveria ganhar outro Oscar desde "Estrelas Além do Tempo" e segue muito bem em "Forma da Água".
O desfecho dessa história é minha parte favorita mas não vou revelar nada. Basta dizer que me fizeram chorar com uma história que eu passei o filme inteiro achando meio esquisita.
No geral gostei muito da experiência de assistir "A forma da Água". Dá pra fazer várias leituras dessa história, sobre o amor de Elisa e da criatura ser uma metáfora para aquilo. Mas também dá para curtir o filme sem ficar pescando simbolismos, a mensagem do autor é bem clara: amor é amor.
Nota 8,5 - o filme é bom mas também ganha meio ponto por ser tão bem feito.
P.S.: Para quem já assistiu, você imaginaria "The Shape Of Water" concorrendo a prêmios se o filme fosse lançado a uns 10 anos atrás? As coisas mudam. Ainda bem.
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