A Rainha Vermelha - Philippa Gregory (Resenha)

sexta-feira, janeiro 26, 2018 0 Comments A+ a-

   A rainha vermelha é a continuação de um dos melhores livros que li em 2017, A Rainha Branca da autora Philippa Gregory. Logo que terminei o incrível primeiro livro eu já pensei em começar o segundo mas resolvi esperar um pouco, com medo de que as altas expectativas atrapalhassem a minha leitura do segundo livro.
   Isso foi muito bom, já que o segundo livro foi escrito do ponto de vista de Margarete Beaufort, nada menos que a pior inimiga da protagonista do primeiro livro, Elizabeth Woodville. Não acho a protagonista de “A rainha branca” uma mulher acima de críticas mas, nessa ‘batalha’ entre as duas mulheres sou 100% team Elizabeth. Se tivesse começado esse segundo livro logo em seguida logo o teria abandonado ao descobrir de quem se trata.
   A Rainha Vermelha é basicamente um reconto dos momentos de A Rainha Branca, mas sob o ponto de vista dessa outra personagem. Eu não gostei de Margarete desde a primeira cena mas, alguns momentos do livro me fizeram ter um pouco de empatia por ela. É uma personagem muito culta, que sempre quis estudar e ser religiosa mas, por sua posição como herdeira direta do rei na época em que era mais jovem, foi obrigada a se casar e produzir um herdeiro com apenas 13 anos. A cena do parto de Margarete é bem difícil, principalmente quando descobrimos, junto com a personagem principal, que a sua própria mãe exigia que fosse salva a vida do bebê ao invés da dela, caso tivessem que escolher. Não dá para ficar indiferente lendo algo assim.
   Infelizmente, o decorrer do livro se encarrega de acabar com essa simpatia que temos pela narradora. Margareth é narcisista e obsessiva e só se importa em colocar o seu filho na posição de Rei, estando disposta a qualquer coisa para colocar Henrique Tudor como o próximo rei da Inglaterra.
   Não fosse essa total falta de ética e escrúpulos, Margareth também é uma maníaca religiosa, obcecada com Joana D’arc e que acredita piamente que Deus fala com ela e que a sua vontade e a de Deus são a mesma. É muito irritante ver uma personagem sem caráter nenhum atribuir seus planos pérfidos à vontade de Deus se cumprindo.
   Outra coisa que me desanimou um pouco foi o fato da narradora estar muito longe da ação em boa parte da história. Margareth só vai para a corte aos 27 anos o que, em termos de história, é muito depois do início do livro e também de vários acontecimentos interessantes. Vemos momentos chaves do primeiro livro vistos apenas a distância por uma personagem que não tem qualquer influência sobre esses fatos, além do fato de estar rezando quando eles aconteceram.
  Quando Margareth vai à corte, agora casada com Lorde Stanley, a trama melhora bastante. O que mais gostei do primeiro livro foi “o jogo dos tronos”, a forma como os personagens tramam por detrás dos panos sua permanência no poder. A ida da personagem ao local onde essas intrigas acontecem fez a trama começar a girar e a ficar interessante, mesmo eu acompanhando sob o ponto de vista dessa mulher detestável.
   Mas tudo o que é bom dura pouco e logo a protagonista sai do centro dos acontecimentos. Imagino que esse período vai ser narrado em primeira mão por alguma outra personagem dos próximos livros, mas é frustrante mesmo assim.  Queria saber em detalhes o que acontece quando o Rei Ricardo chega ao poder mas não é nesse livro em que vemos esses acontecimentos de perto.
   Em determinado momento, Margareth tem que hospedar a filha de Elizabeth Woodville, a também chamada Elizabeth. É um dos momentos mais irritantes do livro, porque percebemos o quando Margareth é horrível e mesquinha. Felizmente Elizabeth rouba a cena nessas trocas com a futura sogra: um dos últimos diálogos entre elas me levou do ódio profundo à uma gargalhada em poucos segundos – risada não de alegria mas de satisfação de ver essa protagonista tão antipática ser devidamente mal tratada. Infelizmente estava lendo do trabalho quando isso aconteceu, o que não foi muito legal para minha reputação por lá.
   Não sei dizer se pretendo continuar com essa série. O segundo livro, embora tenha seus momentos frenéticos e seja tão bem narrado quanto o primeiro, não tem aquele elemento especial, aquele algo mais que tornou o primeiro livro tão incrível para mim. Isso faz com que eu pense se vale a pena prosseguir com essa série, só para ver outras pessoas tão sem carisma quanto Margarete narrarem os acontecimentos.
  Mesmo assim, tenho curiosidade com o livro de Elizabeth, a filha da protagonista de “A Rainha Branca”. É uma personagem que promete ter tanto carisma quanto a mãe embora não pareça ser tão esperta quanto a primeira. O tempo dirá se me animo com essa continuação – ou não.
   Não me entenda mal, “A Rainha Vermelha” não é um livro ruim. É apenas decepcionante. Mesmo assim, para os que gostam de romances históricos, talvez seja uma boa escolha. Me diverti com a leitura até quando não estava gostando muito da história ou da protagonista, acho que isso conta muito sobre o talento da autora.

   Dei a nota 7,5 – o livro é bom mas tirei meio ponto por que demora para começar de fato. 

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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