Os três mosqueteiros - Alexandre Dumas (Resenha)

sexta-feira, novembro 17, 2017 0 Comments A+ a-

   
Quando um autor se torna um dos seus favoritos depois de um único livro é sinal que seus livros têm algo de especial. Não que seja sempre um escritor incrível ou perfeito - quando esse tipo de ligação acontece é como se parte do livro dialogasse diretamente com você.
   "O conde de Monte Cristo" foi um dos melhores livros de 2016. Depois dele decidi que iria ler tudo o que Dumas tivesse publicado no Brasil mas, tanto tempo depois só li Os Mosqueteiros.
   Embora tenha algumas semelhanças entre as duas histórias - um jovem inocente e idealista cujo nome começa com a letra D (de Dumas?) passa por várias peripécias em Paris - o cerne de "Os três mosqueteiros" não é a vingança como no livro anterior mas sim a amizade. D'artagnan chega a Paris disposto a se tornar um mosqueteiro e, enquanto isso não ocorre, cria amizade com um trio de mosqueteiros bem peculiar - Athos, Portos e Aramis. Esses quatro amigos não tem muito em comum entre si além do fato de serem muito bons no manejo da espada e  serem um meio quebrados (financeiramente falando). Mas a amizade entre eles é imediata e sem ressalvas - "um por todos, todos por um" é aplicado em cada página desse calhamaço de quase 800 páginas. 

"A vida é um rosário de pequenas misérias que o filósofo desafia rindo" - Athos, pág. 593

   Não gostei muito de D'artagnan no começo mas gostei que ele foi ficando mais esperto e menos impulsivo ao longo da história. No primeiro capítulo D'artagnan é um homem esquentadinho que arma um barraco por causa de um cavalo. Com o passar da história ele fica mais esperto, embora não menos letal com a espada.
   Impossível não ler essa história e não se lembrar dos filmes. Embora não me recorde muito da trama, o rosto dos personagens que imaginei é uma mistura dos atores que participaram de "Os três mosqueteiros" e "O homem da máscara de ferro". Parece meio estranho mas garanto a vocês que tudo fez sentido por aqui.
   Os três mosqueteiros é então focado na aventura desses quatro personagens principais mas com foco no recém chegado D'artagnan. É uma trama cheia aventuras e diálogos, no melhor estilo Dumas, na qual você mergulha sem pensar em mais nada e lê páginas e páginas sem cansar. Quem diz que ler clássicos é algo chato certamente nunca conferiu um dos "novelões" de Dumas. Se "O Conde de Monte Cristo" fosse novela, passaria no horário das 21h. Já "Os Três Mosqueteiros" seria uma novela das 19h, pois, ao contrário do primeiro, tem um clima muito mais de humor que de drama.
 Algumas cenas parecem ter sido tiradas de uma esquete de "Os trapalhões", como aquela em que os quatro amigos conseguem perder quatro cavalos caríssimos nas situações mais absurdas que você possa imaginar (pra vocês terem uma ideia: um deles matou o cavalo pra comer). No início estranhei um pouco essa galhofa toda mas acabei tendo que aceitar, porque a coisa vai por esse lado durante todo o livro. Claro, também há momentos sérios mas, até mesmo esses, não são tão sérios quanto poderiam - a gente sabe que mais cedo ou mais tarde tudo acaba se resolvendo.

    Uma coisa que me irritou um pouco durante a leitura foram as atitudes dos mosqueteiros para com as mulheres. Eles as exploram, chantageiam e se aproveitam delas de todas as formas. Embora não haja nenhum abuso físico, alguns atos de D'artangnam beiram o imoral.
   Porém, o próprio Dumas diz que "estaríamos errados julgando os atos de uma época sob o ponto de vista de outra". Não falava especificamente do mesmo que eu, mas serve para nos lembrar que as coisas antigamente tinham diferentes contextos.
   Mesmos com esse porém, "Os três mosqueteiros" é uma leitura excelente e muito divertida. As pessoas que temem os clássicos ou os calhamaços certamente não conhecem os livros de Dumas. Embora nem sempre verossímeis, são livros interessantes da primeira até a última página.
   Ainda gosto mais de "O Conde De Monte Cristo" mas recomendo "Os três mosqueteiros" para os que querem um livro divertido, para ler e perder noção das horas (e até do tamanho do próprio livro - as 700 e poucas páginas passam rápido).
    Nota 8 - bom livro.

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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