Drácula - Bram Stoker (resenha)

sexta-feira, setembro 22, 2017 0 Comments A+ a-

  
  Quem não conhece a história de Drácula, o vampiro que vai da Transilvânia a Londres e deixa um rastro de morte em seu caminho? Ironicamente, a maioria das pessoas está mais habituada as versões cinematográficas do personagem - da história original, poucos sabem com exatidão. A começar pela luz do sol: na versão de Bram Stoker, o Conde não tem qualquer problema em se locomover durante o dia - nada de queimaduras ou coisa que o valha. O único problema é que, nesses períodos de claridade, sua força é reduzida e ele não pode mudar sua forma. 
   Outra diferença é aparência do conde, que no livro está mais para uma versão envelhecida do de Vlad Steps (principe da Valaquia). Nos filmes oscila-se entre uma aparência mais grotesca (vide Nosferatu) e a figura de um homem charmoso e sedutor, que é mais usada recentemente. Para a maioria das pessoas dizer que Drácula tem grandes bigodes brancos é tão absurdo quanto dizer que ele se tornou vampiro após estudar magia negra em uma escola no meio  da floresta - essa é outra diferença entre livro e filme. 
   Citei essas diferenças para mostrar o quanto a leitura desse livro é uma experiência tanto familiar quanto nova, mesmo para os que gostam de histórias do gênero. Aqui temos os elementos mais tradicionais das histórias vampirescas mesclados com transes, aparelhos fonograficos e barcos a vapor - modernidades para a época, que o autor certamente utilizou para embelezar a trama. Um prato cheio para qualquer psicólogo, o livro tem personagens e trama aparentemente simples mas há algo de estranho e ambíguo em suas páginas. Um exemplo dessa ambiguidade é a estranha relação entre Jonathan Harker e o Conde; por mais que o vampiro beba apenas de jovens mulheres, é somente sobre Jonathan que ele exerce sua posse. "Esse homem me pertence!" grita, em determinado ponto da história. Isso sem contar todo contexto dos vampiro: mortos extremamente atraentes (!) que parecem seduzir os vivos. 
   A introdução da edição Penguin tem uma introdução muito interessante que toca um pouco nessas polêmicas, ao mesmo tempo em que nos narra um pouco a história do próprio Bram Stoker. Escolhi ler nessa edição por ser mais fácil de transportar, mas também li algumas partes da edição da Landmark. A tradução dessa última é a mais direta possível mas achei o texto mais seco e menos interessante dessa forma. Um ponto positivo nessa edição é a presença do texto original, em inglês. Sempre é divertido tentar ler esses livros mais clássicos no inglês original - só para descobrir em seguida que você não vai dar conta. 
   Não sei se por gostar muito da temática (Vampiros) ou por ser um livro que eu queria ler a tempos mas Drácula cumpriu com todas as minhas expectativas. No início a pegada é m
ais de terror (muito mais do que eu esperava, aliás) mas depois a trama ganha traços mais aventurescos. Há certo exagero na escrita de Stoker - as pessoas parecem chorar e fazer discursos loquazes o tempo todo. Embora tenha certeza de que o autor escreveu tudo isso a sério, me diverti com essa drama digno das melhores/piores novelas mexicanas. Recomendo Drácula para você que gosta de Vampiros e romances extensos. A narrativa é composta por cartas, diários, telegramas e isso torna a leitura bem rápida e interessante. Além disso, é muito bom ver o famoso monstro como foi concebido - e não da forma Hollywoodiana. 
   Nota 9 - muito bom


Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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