O Concorda de Notre Dame - Victor Hugo (Resenha)
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Paris, século XV. É o dia da eleição do "Papa dos bufos", uma tradição do povo pela qual um homem comum é louvado e elogiado como um rei. Sugere-se uma competição, o homem que fizesse a careta mais feia seria o escolhido. E assim é feito - a surpresa veio depois quando descobriram que não estavam vendo uma careta mas o rosto caolho e disforme de Quasimodo, o sineiro da igreja de Notre Dame.
Minha intenção era ler esse livro ano passado mas acabou que outras leituras ocuparam o espaço dessa. Em janeiro, aproveitei as férias e para iniciar esse clássico.
Das referências à personagens da época até citações em latim a torto e a direito, seria muito complicado concluir essa leitura se eu não tivesse a edição comentada da Zahar. Não fossem pelas explicações e traduções dadas por essas notas eu teria ainda mais dificuldade do que tive no começo desse livro. E isso vindo de uma pessoa que sempre ignorou notas e considera essa coisa de edição comentada uma bobeira.
Victor Hugo escreve muito bem e está claro que fez extensa pesquisa para recriar em seu livro a Paris do século XV. Por outro lado o autor também abusa das citações em grego e italiano, além de ter carta obsessão pela descrição minuciosa dos ambientes. Para vocês terem uma ideia, o livro tem todo um capÃtulo tratando da descrição da catedral de Notre Dame, seguido por outro capÃtulo de quinze páginas com a descrição da "vista que se tem do alto de Notre Dame".
Esses primeiros momentos, foram pesados e difÃceis. Só insisti porque tinha tempo e porque me forcei a isso, mas a primeira parte do livro não me deu qualquer prazer na leitura. Era como se, mesmo estando todos os personagens importantes lá, Victor Hugo desse um grande parêntese para descrever o cenário, algo aborrecido (principalmente se você não é fã de descrições).
Sobre o personagens, temos entre os protagonistas Quasimodo (o tal corcunda que dá tÃtulo ao livro), Frollo e Esmeralda. Quasimodo, que já citei no inÃcio da resenha, é extremamente feio e, por isso, afastado do convÃvio social. Frollo, o padre responsável por Notre Dame, é um homem culto e é quem acolhe Quasimodo quando este era criança. Já Esmeralda é uma bela cigana de 16 anos por quem tanto Frollo quanto Quasimodo se apaixonam. Para desespero dos dois, Esmeralda só quer saber do soldado Phoebus, um homem rude e mulherengo.
Embora não possa dizer que gostei de nenhum personagem desse livro, a forma de descrever o que se passa na mente dos protagonistas (Quasimodo, Frollo e Esmeralda) é um dos pontos altos da história.
Não tanto Esmeralda - para o autor ela é incapaz de pensar em algo que não seja Phoebus - mas Quasimodo e Frollo são personagens obscuros e, por isso, cativantes. O primeiro tem toda aquela estigma do passado que o vez mau e ignorante, o segundo estudou tanto que perdeu de vista sua humanidade; Quasimodo e Frollo podem não ser os protagonistas que se esperam de uma história do romantismo e estão longe de qualquer ideal romântico, mas tem força o suficiente para fazer com que torçamos por um e detestando (mesmo entendendo) o outro.
Como toda criança que nasceu nos anos 90, eu assisti "O Corcunda de Notre Dame" da Disney, porém não me lembrava de muito sobre a trama quando comecei a ler essa história. Nem faria muita diferença se eu tivesse lembrado porque, tirando a eleição do Papa dos Bufos e uma cena particularmente tocante na metade da história (Santuário! Santuário!) o filme da Disney em nada tem a ver com o livro de Victor Hugo.
Mas, voltando a leitura, passado da penosa primeira metade o livro melhora bastante. Nesse momentos as descrições diminuem de páginas para alguns parágrafos e as coisas, finalmente começam a acontecer naquele ritmo francês que já estou aprendendo a identificar: muitos personagens, muitas tramóias, diálogos gigantescos e reviravoltas inacreditáveis. Conheci esses elementos lendo Dumas e reconheci vários deles lendo Victor Hugo.
A diferença é que Dumas tem uma escrita muito mais acessÃvel que seu colega francês e um gosto para finais felizes do qual Hugo parece carecer. Porque o desfecho de "O corcunda..." é tudo, menos feliz.
Embora eu tenha gostado da maioria da história e da forma como os personagens são apresentados e a escrita do autor tenha sido um desafio superado, não gostei tanto desse livro como gostaria. Estava curiosa com o desfecho da trama mas apenas aquela curiosidade intelectual; não consegui me importar com os personagens e seu desfecho como me importe com Mercedes, por exemplo. Ainda pretendo ler mais coisas desse autor, quem sabe não sou cativada numa próxima?
Indico para os fãs de clássicos. Nota 7 - um livro ok.
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