Filme Evereste - Resenha

sexta-feira, fevereiro 17, 2017 0 Comments A+ a-

  

 O ano é 1996. Um grupo de alpinista que quer escalar o monte Everest tem o experiente Rob Hall como guia para essa empreitada. Rob tem uma empresa especializada no Everest e já havia escalado o monte 4 vezes, logo, era a pessoa mais capacitada para liderar aquela expedição. Logo nas primeiras cenas vem a informação: a parte final da montanha é conhecida como "Zona da Morte", não só porque é onde mais acontecem mortes durante a escalada mas porque as condições lá em cima são tão ruins (temperatura, altitude) que o corpo começa a morrer, literalmente, no momento em que eles entram nessa parte da escalada. Rob explica que é por isso que eles tem que chegar ao cume e retornar rapidamente, caso contrário poderão morrer por ficar demais ali. 
   Eu não sei vocês mas, se eu estivesse numa escalada, só essa informação já teria me feito ir embora. "Não, obrigada, não estou afim de colocar meu corpo num limite arriscado só para ver uma montanha alta". Mas, é claro, alpinistas vivem dessas emoções e consideram esses desafios mortais como etapas que tornam a conquista do monte ainda mais importante. Quando um alpinista sobe até o cume de uma montanha ele a conquista, e é isso o que importa para essas pessoas. Mas por que fazem isso? Porque a montanha está lá, é o que eles dizem no filme, quando o jornalista John Krakauer faz essa mesma pergunta. 
   O filme foi inspirado em 2 livros que contam a história real dessa tragédia no alpinismo: 'No Ar Rarefeito' e 'Deixado para morrer', o primeiro escrito por Krakauer e o segundo por certo sobrevivente da tragédia. Não li nenhum dos livros mas me interessei por assistir o filme depois da resenha que a Tati Feltrin fez de "No Ar Rarefeito". Assisti no Telecine e, apesar de já ser de madrugada, não cochilei como geralmente ocorre quando resolvo assistir algo tão tarde - isso já é um ponto positivo para o filme.
Jake Gyllenhaal arrasa em Everest (como sempre, aliás)
   A trama é basicamente essa, contar uma tragédia que ocorreu o Everest. Se você não sabe nada sobre esse desastre vai ficar como eu quando assisti a Evereste, sentindo aquela sensação de que algo vai acontecer/ alguém vai morrer mas sem saber quando e nem quem. Não consegui criar muita empatia com os personagens mas, depois que as coisas começam a dar errado, é impossível não ficar impressionado e triste com o destino deles. 
   Como pode dar tudo tão errado de repente? Parafraseando um dos personagens, "O Everest faz suas próprias regras". E, por mais que as paisagens e cenas sejam emocionantes, o ponto alto do filme para mim são as pessoas e as reações delas frente a tudo o que aconteceu. São nessas situações extremas que as pessoas mostram o que tem de melhor e de pior, seja voltando para ajudar um amigo, seja deixando um colega em dificuldade para trás - considerando que é uma história real, isso se torna ainda mais interessante de observar. 
   No final a sensação que dá é que tem que ser meio louco e individualista para concluir essa empreitada com vida. Quem banca o herói, quem quer salvar todo mundo numa situação dessas, certamente acabará morrendo. Mas será que vale a pena viver sabendo que deixou tantos amigos para trás? Embora válido, tal questionamento não pode ser feito no alto da montanha - ali é tudo decidido rapidamente, o que revela ainda mais o caráter de cada um.
   Mesmo assim, é importante ressaltar a sobriedade da trama. Não há aquele impulso Hollywoodiano de demonizar um personagem e transformar outro em um herói. Certo, há atitudes reprováveis e outras dignas de aplauso mas não temos aquelas grandes cenas de salvamento, aqueles momentos cheios de drama e redenção com um cara carregando o outro nos braços e a tempestade ao fundo, ao som de uma música emocionante. Não espere nada disso em Evereste, a direção não apela para esses clichês emocionais, apostando na correção das informações e na forma da própria história para causar emoção. Eu até derramei algumas lágrimas no final, mas não tanto quanto esperava em uma trama como essa.
   Gostei do filme e recomendo para os que gostam de histórias baseadas em fatos reais e com cenas visualmente impressionantes. Evereste foi uma grata surpresa para um final de noite - só depois descobri que alguns atores concorreram ao Oscar de 2015 por suas atuações neste filme.
   Nota 9 - muito bom. 

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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