|FILME| Até o Último Homem (Ricksaw Ridge) - Resenha #Oscar2017
Como a maioria dos indicados ao Oscar, eu procurei saber o mínimo possível sobre "Até o Último Homem" antes de assisti-lo. No final, acabei vendo no Twitter o trecho de uma cena bem forte que ocorre durante a guerra mas isso só me fez ter mais vontade de ver o filme.
Eu imaginava que esse fosse apenas mais um filme de guerra, dessa vez dirigido pelo Mel Gibson. Mas qual não foi a minha surpresa ao descobrir que se trata da história do primeiro (e único) Objetor de Consciência a ganhar uma Medalha de Honra durante a guerra. Para você que não sabe o que é um objetor de consciência e está com preguiça de clicar no link acima, trata-se de uma pessoa que, por motivos diversos, é contra a parte combativa do exercito ou contra o exercito como um todo. No caso de do protagonista do filme, sua religião (Adventista do Sétimo Dia) o impedia de pegar em uma arma mas ele quis servir durante a Segunda Guerra mesmo assim, como socorrista do campo de batalha.
O protagonista, Desmond Doss, é um jovem simples, magrelo, pelo qual não se dá muita coisa. No início, Doss sofre muitas perseguições devido a sua recusa de pegar em armas mas acaba, aos poucos, conquistando o respeito de seus colegas e superiores. Andrew Garfield, que está indicado ao Oscar por sua atuação como Doss, está muito diferente nesse filme. Seja no porte físico, mais magro, ou na forma de falar ou na expressão facial e trejeitos, Garfield dá um show digno de Oscar e acabou se tornando a minha torcida para a categoria de melhor ator.
O filme é dirigido por Mel Gibson, que também recebeu indicação de Melhor Diretor. Acho difícil que ele ganhe mas tempos aqui uma história típica dos filmes desse diretor, cheia de cenas visualmente bem fortes. Gibson tem essa habilidade de fazer com que as pessoas gostem de seus protagonistas e se importem com eles - em Até o Último Homem temos mais disso.
Apesar de ter achado essa história inspiradora e emocionante, achei o ritmo dela um tanto esquisito. Primeiro, temos a infância e adolescência de Desmond, o que é ótimo para conhecermos o que leva o protagonista a ser que é. Palmas para atuação Hugo Weaving, que vive o alcoolizado pai de Doss e age como um exemplo de tudo o que o personagem não quer ser. O problema, na minha opinião, é que o roteiro foca um tanto demais nessa parte e acaba correndo em outras que, ao meu ver, seriam mais importante.
Por exemplo, o treinamento no exército ocorre muito rapidamente e, embora tenhamos muitas provas das objeções que Doss sofreu por pensar daquela forma, o filme peca em não se focar muito em seus colegas de farda. De fato, só consegui guardar o nome de um ou dois e lembrar o rosto de outros poucos - mas não deu para sentir muita empatia por eles (talvez pelo personagem do Vince Vaughn, mas isso pode ter sido mais a minha surpresa com esse ator fazendo um drama).
A mesma "pressa" que eu vi nos treinamentos, também foi aplicada na última batalha do filme. Mas, nesse caso, até vejo certa razão: esse não é um filme de guerra padrão, em que os heróis são feitos com a destruição do outro. Nesse filme o herói salva vidas, muitas delas do próprio campo inimigo. Logo, o ponto alto do filme e a sua mais bela sequencia ("Please God, help me get one more") ocorre justo quando Doss está salvando pessoas (e realizando o feito pelo qual recebeu uma Medalha de Honra).
Eu não sei se o filme teria o mesmo efeito para uma pessoa não-religiosa. Eu não sou Adventista do Sétimo Dia como o personagem principal mas consegui me identificar com ele e com suas ações por acreditar em Deus e em fazer o bem ao meu próximo. Talvez acreditar em seus princípios e fazer o bem sejam conceitos acima de qualquer religião mas, não custa avisar, Até o Último Homem tem um viés religioso bem pronunciado.
Recomendo Até o Último Homem, o "filme de guerra do Oscar 2017", mas do que teria imaginado antes de assistir ao filme. No final, apesar de todas as cenas cheias de sangue e membros voando, temos aqui algo da jornada do herói. Um único homem pode fazer a diferença e esse é (mais um filme) a mostrar isso.
Nota 8,5 - bom filme, meio ponto pela atuação incrível de Andrew Garfield.
|TRAILER|
1 comentários:
Write comentáriosUma ótima produção que se destaca pela sua qualidade. A história é realmente interessante. Andrew Garfield é um homem muito carismático e professional, se entrega a cada um dos seus projetos e ele fez um grande papel de protagonista. Na minha opinião, foi um dos mehores filmes 2017 que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Além, acho que a sua participação neste filme de drama realmente ajudou ao desenvolvimento da história.
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