Filme Lala Land - Cantando as Estações (Resenha) #Oscar2017
Um musical concorrendo ao Oscar, em pleno 2017, em 14 indicações. La la land já chegou aos cinemas brasileiros como um fenômeno. O que havia nesse filme que despertasse tanto amor dos sindicados responsáveis pela premiação? Será que a história é tudo isso mesmo?
O filme conta a história da aspirante a atriz Mia, que mora em Los Angeles a anos, sonhando em se tornar uma atriz. No entanto, o mais perto que ela chega dos sets é trabalhar como garçonete nos estúdios da Warner. Nesse momento em que a carreira está estagnada, Mia conhece Sebastian, um pianista apaixonado por Jazz, que sonha em abri sua própria casa para tocar as músicas que ama, mas que se vê obrigado a tocar música de Natal em bares.
Como o subtítulo "Cantando as Estações" sugere, o filme se passa ao longo de todas as estações, começando e terminando no inverno. Isso não significa que a história toda se passa em um único ano, só mudam as estações, não sabemos quanto tempo passou entre uma e outra. O certo é que, desta forma, vamos acompanhando a relação de Mia e Seb, tudo envolto de muitas músicas, cores e dança.
Damien Chazelle, diretor de La La Land já havia falado sobre música antes, no visceral Whiplash. Mas, embora o diretor tenha dado declarações de que filmou Whiplash para mostrar que poderia fazer La La Land, é apenas o jazz e a música que unem ambos os filmes, sendo a abordagem completamente diferente. La La Land é um musical clássico, cheio de cores, dança e momentos grandiosos e belos. É um filme mais realista dos que os musicais clássicos, mas não perde a leveza e a beleza nem o ar de encantamento que produz em cada cena. O oposto de Whiplash, portanto.
Chazelle escolheu fazer um filme todo colorido e este vai desde o cenário até as roupas utilizadas pelos personagens durante a trama - até a paisagem tem cor. Há também um ar retrô nos vestuários e nos ambientes, mas vemos várias vezes os personagens utilizando o celular, então não dá para dizer que esse é um filme passado nos anos 50 (embora pareça).
Ainda sobre a direção, posso estar errada, mas tive a percepção de que o diretor procurou gravar tudo com o mínimo possível de cortes e repetições. Isso é ótimo, porque deixa o filme mais fluído e dá espontaneidade as cenas: quando Emma Stone e Ryan Gosling cantam juntos ao piano, há um momento em que um deles erra e os dois riem brevemente antes de continuar. Isso é fofo e dá realismo aos musicais - não precisa ser perfeito para ser mágico (algo que se aplica a várias coisas no filme).
Emma Stone e Ryan Gosling tem uma química excelente, já demonstrada em filmes como "Amor a toda prova". Em La La Land eles não só nos convencem como um casal, mas também entregam atuações impecáveis. São dois atores conhecidos por muita gente mas conseguem encarnar os personagens tão bem, que você até se esquece da personalidade por trás da atuação. Como ponto negativo para essa dupla fabulosa estão as vozes um tanto limitadas de ambos. Mas Gosling e Stone compensam esse porém com muita dança e carisma (E Gosling aprendeu a tocar piano em 3 meses, o que é impressionante).
Este é um filme que homenageia muito Hollywood e o cinema de antigamente. Para os fãs dos musicais há certamente muitas referências a esse gênero mas, mesmo o que leigos (como eu) podem ver. A trama do filme, sobre seguir em busca dos seus sonhos e não perder a esperança, também tem muito do cinema de antigamente, mas contem alguns detalhes que remetem ao cinema atual, razão pela qual eu falei algumas vezes nessa resenha sobre realismo.
Falando em referências, percebi certa meta-linguagem no filme. Seb gosta de jazz clássico, um gênero em extinção, assim como os musicais e muitas das frases utilizadas por ele para justificar à Mia a razão de tanto amor por esse estilo, podem também se aplicar ao gênero. Quando Mia quer fazer um monólogo, novamente Seb dá um discurso que pode muito bem se aplicar ao filme que estão fazendo. Não é loucura dizer então que La la Land faz referências a Hollywood e também a si mesmo, enquanto musical.
Se eu tinha altas expectativas sobre esse filme, todas elas foram satisfeitas quando o assisti. La La Land tem um encanto todo especial e justifica as inúmeras indicações ao Oscar e também a apreciação geral. É impossível para alguém que goste do genero não se emocionar e encantar com essa trama.
Isso não significa que tudo seja previsível. Acho que no final há a cena mais bonita do filme, talvez aquela que tenha dado a obra sua (futura) estatueta de melhor filme. Porém não é algo que eu esperava e trouxe algumas reflexões adicionais para essa trama.
Se você gosta de histórias de amor com dança sobre as estrelas, assista La La Land. Mais do que uma história de amor, temos aqui uma reflexão sobre os sonhos e sobre o que temos que desistir na nossa vida para poder chegar ao lugar em que queremos estar.
Nota 9 - muito bom - e minha aposta para melhor filme.
|TRAILER|
P.S: Tinha escrito uma resenha gigantesca para esse filme no momento em que acabei de assisti-lo, pouco mais de duas semanas atrás. No entanto, por algum motivo que me escapa o entendimento, essa resenha se apagou aqui no blogger, só restanto uma página vazia e um título. Se por um lado foi bom poder pensar no filme novamente passada algumas semanas, por outro é frustrante ter que relembrar todos os meus argumentos para a resenha.
Olá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!