|FILME| 50 tons de cinza (resenha / review)

sábado, fevereiro 14, 2015 0 Comments A+ a-

   
    Anastasia Steele não imaginava que sua vida mudaria tanto depois de fazer um simples favor. Ir a Seattle para entrevistar o bilionário Christian Grey deveria ser apenas uma tarefa que ela faria para ajudar sua amiga Kate, já que a mesma (estudante de jornalismo) estava gripada demais para ir - e seria impossível remarcar o encontro.
    O que ela não esperava, no entanto, é encontrar um homem tão atraente e misterioso quando o sr. Grey. Diante daquele homem ela se vê - literalmente - de joelhos. E, ao longo da entrevista, mal consegue resistir a seu fascínio: certamente nenhum momento de seus 21 anos de idade a tinham preparado para aquilo, algo que ela sequer poderia nomear. E, quando o rico bilionário a convida para um café, ela acha que talvez haja alguma chance em ter um relacionamento com Christian - mal sabendo que os interesses do bilionário são muito mais peculiares do que Ana (uma virgem de 21 anos de idade) poderia imaginar.
     50 tons de cinza foi lançado na quinta feira e já tem milhares de expectadores e críticas. Afinal, o filme é a aguardada adaptação de um best-seller internacional, que arrebatou milhares de fãs em todo o mundo... e despertou o furor e críticas de outra parte dele. Então lá fui eu, na estréia, assistir a um filme junto a um grande número de pessoas, a maioria já de plena certeza do que esperar - e já preparadas para amar (ou odiar) o filme.
     Quanto a mim, estava desanimada. Gostei do primeiro livro (me julguem) mas o segundo fez com que eu abandonasse a trilogia, então não estava muito empolgada em rever esses personagens - embora estivesse curiosa para vê-los na tela grande pela primeira vez.
     Achei o começo meio morno, o primeiro encontro entre Ana e Christian deveria ser mais elétrico e, no entanto, meu momento de maior emoção foi quando desci as escadas para avisar ao pessoal do cinema que o filme estava dublado - a sala deveria exibir legendado e isso causou uma grande comoção nos presentes até que o problema fosse resolvido. Filme reiniciado (dessa vez com legendas) e a sensação foi a mesma. Não parecia haver muita química entre os personagens principais e eu já pensava no que ia escrever aqui, quando BOOM! Aconteceu, o casal começou a funcionar.
         Fora isso, eles conseguiram uma dose de humor, algo que no livro quase não existe. A cena em que Ana fica bêbada no bar e muitas outras mostram uma personagem nova, mais no controle e divertida do que a garota insegura da obra homônima. Logo, a combinação 'risos + química' gerou o resultado esperado e me vi fascinada pela história.
          O que mais gosto das estreias de filmes badalados é que somente as pessoas com sentimentos já definidos, normalmente fãs. Então é geralmente uma ocasião muito divertida (ou muito irritante, se você não estiver no mesmo clima) assistir a uma estréia de um desses filmes. Assistindo a '50 tons de cinza' na estréia eu pude - literalmente - ouvir a platéia suspirando a cada momento fofo/sexy de Christian Grey, rindo com as palhaçadas da Ana ou soltando um "Ó" coletivo nas cenas mais calientes e românticas. Se você é mulher e quer assistir a esse filme, meu único conselho é que vá sem seu namorado - do contrário você se verá obrigada a disfarçar dele o fato de que está (como todas as outras mulheres do cinema) se apaixonando pelo bilionário sadomasoquista.
        Falando das cenas hot do filme, considerando que se trata da adaptação de um livro quase pornográfico, até que não tiveram muitas. Claro, perdi as contas de quantas vezes a atriz que faz a Ana ficou nua mas o sexo foi apenas um pano de fundo para a história de amor entre o casal, essa sim o foco da trama. 
            E, se o sexo é o pano de fundo, o sadomasoquismo então é só um detalhe. A cena em que Ana conhece o 'quarto vermelho' e a que ela o usa pela primeira vez foram as únicas com mais destaque para esse estilo de vida de Christian, sendo as outras apenas teasers de alguns segundos (Isso é uma coisa boa, se o objetivo for agradar um maior número de expectadores).
          No entanto, nessas tão esperadas cenas, achei que Jamie Dornan deixou um pouco a desejar. Sua atuação como sádico variava entre fazer cara de psicopata (algo que ele desenvolveu em sua atuação na série The Fall) ou uma cara de tédio extremo, como se não quisesse realmente estar fazendo aquilo. Dornan e Dakota Johnson pareciam fora de sintonia nessas cenas mais extremas: ela gemendo e fazendo "carinha de quem tá gostando demais" enquanto Dornan parecia estar pensando na faxina, ou no que ia comprar no mercado mais tarde*.
        Uma coisa que o filme se preocupou em esclarecer foi o fato de que - sim! - Anastasia consentiu em ser submissa de Grey e, na grande maioria das vezes, ela gostou da experiência. Não por que ele deu presentes caros para ela, como alguns críticos dizem, mas por que era algo que ela experimentou com ele. Apesar de ser o sadomasoquismo de Christian a razão para o final chocante e abrupto do filme, não foram essas preferências que fizeram que Ana agisse como uma tola e se afastasse dele no final. Foi a dificuldade dele em se entregar ao relacionamento e seu tratamento frio para com ela (a não ser que quisesse sexo). 
       Falando do final, odiei-o ainda mais na tela grande que no livro. Há tantas coisas erradas na ultima cena deles no quarto vermelho:A recusa de Ana em dizer sua palavra de segurança, a falta de atenção de Grey para com sua parceira, o fato de ambos terem entrado no quarto com os sentimentos conturbados, a falta de comunicação e confiança... Foi difícil de assistir e mais difícil ainda não pensar de que se tratava de um relacionamento abusivo e não de uma história de amor ali na tela. Refleti naquele momento de que o verdadeiro motivo para eu não ter gostado do segundo livro tanto quanto do primeiro é que a autora não trabalha o relacionamento deles, ela simplesmente age como se o problema tivesse sido resolvido por que eles estavam apaixonados. 
            Voltando ao filme, acho que desde Matrix 2 eu não via uma platéia tão inconformada com um desfecho. O corte abrupto depois de uma cena, deixaram milhares de interrogações e talvez tenham sido o responsável por eu ter ouvido pessoas falando que detestaram '50 tons de cinza' logo na saída do cinema. Foi arriscado não colocar nenhum epílogo e deixar o público em cinema? Não sei, ao menos foi fiel ao livro (que causou o mesmo em mim).
           Numa análise geral, não é um filme ruim. Claro, haters gonna hate e os haters de '50 tons' vem de todas as partes, outra coisa que o filme tem em comum com Crepúsculo, além de ser uma fanfic deste. Assim como Crepúsculo as pessoas tem ou terão vergonha de dizer que assistiram  e gostaram '50 tons de cinza' simplesmente por que gostar desse filme é uma espécie de tabu (mais que sadomasoquismo). E os fãs serão tão hostilizados e ridicularizados quanto os fãs de Crepúsculo - aguardem.
Apenas (mais) uma história de amor.
             Mas eu não tenho problemas em assumir que gostei, sim, de '50 tons de cinza'. Dentro do que se propôs a fazer (uma história de amor para o entretenimento do maior número de pessoas possível) o filme consegue bons resultados e, certamente, conseguiu arrebatar mais alguns seguidores para os próximos filmes para a trilogia. Para ódio e horror dos críticos que ainda irão ver e ouvir muito sobre Christian e Anastasia. 
          Recomendo para os fãs de Crepúsculo, para quem leu o livro e para os que gostam de romances água-com-açúcar.  Minha nota é 8 - o filme é bom e, de muitas formas, é até melhor que o livro
         
* Talvez por isso os críticos tenham dito que faltou química entre o casal, o que acho equivocado já que isso só ocorria nas cenas de BDSM. Nas outras cenas a química correu normalmente. Acho que o desagrado do ator por esse tipo de estilo de vida transpareceu na tela. 

P.S.: A diretora fez uma declaração sobre os pêlos pubianos da personagem/atriz, provavelmente já esperando comentários #claudiaohanastyle

"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


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