FILME: Malévola (Resenha / Review)
Quando saíram as primeiras imagens de
Malévola, logo imaginei que seria algo como “Mirror,
Mirror” de Julia Roberts, com a Bruxa como a personagem principal e de
maior força. Imaginei algo tão infantil quanto, só que agora voltado para o
conto da ‘Bela Adormecida’.
Foi quando vi o trailer de Malévola no
cinema (no dia em que fui assistir X-Men) é que passei a ter
certo interesse no filme. Seria uma versão mais adulta e cheia de ação do
clássico, tal como ‘João e Maria – Caçadores de Bruxas’? Eu não tinha muita certeza mas decidi pagar para ver.
O resultado é que Malévola está entre um extremo e outro, entre o adulto e o infantil. Porém, ao contrário dos filmes citados
acima, consegue atingir uma profundidade que seus antecessores não puderam
alcançar.
Tudo começa com Malévola ainda pequena, uma fada protegendo um reino encantado. A
aparência da menina – chifres e asas – mais a faz parecer um demônio mas
Malévola é amiga de todos e uma criança feliz e bondosa. Quando descobre que um
humano, chamado Stefan, está
tentando roubar o reino encantado, parte em sua captura mas o deixa livre
quando descobre que era apenas um menino.
Daí surge uma amizade que perdura por
vários anos e que está diretamente relacionada aos eventos do conto A
Bela Adormecida. Para quem não se lembra na história a “Bruxa”
amaldiçoa a princesa Aurora no dia do seu batizado: Quando completasse 16 anos,
espetaria o dedo numa roca e morreria. Porém, com o rei do mundo dos humanos
implorando de joelhos, Malévola fez uma pequena alteração em sua maldição:
Somente um beijo de amor verdadeiro poderia acordar a princesa Aurora de seu
sono eterno.
Não se enganem, embora seja a
protagonista da história, Malévola faz tudo isso no também no filme – mas,
embora o seu ódio seja original, há uma série de outras circunstâncias que o
filme explora de forma que, ao longo da história, vemos essa personagem passar de heroína a vilã devido unicamente as
essas circunstâncias.
No inicio, é muito fácil se simpatizar
com Malévola. A personagem simples e sem malícia que ela foi na infância,
poderia passar por qualquer outra antiga princesa da Disney e, conforme a
história se desenvolve, nos apiedamos de seus destino e compartilhamos seus
sentimentos de vingança. Grande parte dessa facilidade se deve não ao roteiro,
mas a brilhante atuação de Angelina
Jolie que faz uma Malévola impecável e mostra que, embora não seja algo
visto em seus filmes recentes, ainda é a mesma atriz que ganhou um Oscar muito tempo atrás.
Conforme o filme avança vemos uma
personagem disposta a aproveitar e desfrutar as consequências de suas ações,
mas não totalmente imune a bondade como ela gosta de pensar sobre si. Não darei
spoilers mas direi apenas que o ponto
alto do filme é ver Malévola finalmente percebendo a consequência dos seus atos
e tentando remediá-los – embora seja tarde demais.
Não se enganem, há muitos alívios cômicos e momentos infantis nesse filme, a
maioria deles vindos de personagens encantados que contracenam diretamente com
Malévola, o tempo inteiro. Mas, mesmo que uma criança assista e ache fofinhas
as fadas, os corvos falantes e as criaturas mágicas, é impossível para os
adultos assistir e não perceber a verdadeira historia por trás por todos os
efeitos especiais.
Talvez você possa me dizer que o
roteiro e direção não são grande coisa, que o elenco (com exceção de Angelina) é todo limitado e que a dublagem (embora não terrível) diminui a qualidade do trabalho de atuação
da atriz. Eu concordo em todos esses pontos, principalmente no ultimo, mas,
como vocês já devem ter percebido em posts anteriores meus, eu dou imenso valor a construção de
personagens complexos e interessantes ao avaliar uma história. É por isso
que histórias excelentes com personagens fracos podem ser avaliadas de pior
forma que histórias medianas com personagens excelentes, pelo menos no Blog
Miss Carbono.
E é por isso que Malévola se tornou
para mim um filme tão querido e interessante e por isso que estou gostei tanto
dos últimos filmes da Disney que vi,
Frozen e
Malévola. Nesses filmes, os personagens principais não são perfeitos e cometem
atos que, anteriormente, poderiam tê-los categorizado como vilões. E o final
que, em ambos os filmes, foge do clichê “príncipe-encontra-princesa” passando valores muito mais profundos e verdadeiros
faz com que eu queira assistir a muitos outros filmes dessa produtora.
Confesso que derramei algumas lágrimas
assistindo Malévola e que sai do cinema novamente
encantada e fascinada por esse conto infantil, que li tantas vezes em minha
infância. Isso pode desqualificar a minha review de alguma forma? Vocês é que
decidem.
Nota 8,5 – um filme
muito bom, mas tiro meio ponto pela
dublagem – se tivesse assistido legendado teria sido ainda melhor.
3 comentários
Write comentáriosVi muitos comentários positivos a respeito desse filme, assim como o seu, e fiquei numa vontade maior ainda de assistir!
Replyxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
Oi Karol!
ReplyEu sempre tenho interesse nestes contos de fadas "modernizados". Ainda não vi este filme... eu gosto muito quando os personagens não são perfeitos, perfeição é um chatice e não é uma coisa quem caia bem em seres humanos.
Gostar do conto da Bela Adormecida não desqualifica a review.
A Dublagem às vezes mata o filme. Eu não tenho coragem de ver Frozen dublado, este é um filme que amo-amo-amo e sempre revejo e não vou estragar a magia dele.
Vi esse filme mês passado e amei o modo como a Disney desenvolveu a história, fugindo de vários clichês como a "vilã 100% malvada", o "príncipe que salva a princesa". Assisti o filme legendado e acredito que realmente deve ter feito diferença na hora de avaliar Malévola. A voz de Angelina Jolie transmite uma emoção tão grande nesse papel que nenhum dublador consegue imitar! Beijinhos, StarGirlie.
Replywww.babistargirlie.blogspot.com.br
Olá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!