Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi (Review) #Oscar2018

sexta-feira, março 09, 2018 0 Comments A+ a-


   O filme começa com dois irmãos cavando uma cova, tentando finalizar antes que caia uma tempestade. Logo depois, eles vão carregar o caixão para aquele buraco que abriram mas não conseguem baixá-lo em sincronia, o buraco é muito fundo. Nesse momento Henry, um dos homens que estão ali fazendo tentativas de colocar o caixão na cova, vê Hap e sua família passando e pede ajuda para conseguir colocar o corpo de seu pai no túmulo. Segue-se um clima pesado mas só vamos entender o porquê no final de Mudbound (ou Lágrimas sobre o Mississipi).
   Mudbound narra a história das famílias de Henry e Hap, que são vizinhos em uma fazenda. Tanto Hap quanto Henry tem parentes que foram enviados para a guerra ( o filme se passa na década de 40) mas somente Jamie, o irmão de Henry, volta como um herói: Ronsel, o filho de Hap e Florence não tem tal tratamento por ser um negro vivendo num estado racista como o Mississipi nesse período. 
   Sabe aquele filme que parece ter sido feito para concorrer a um Oscar? Mudbound tem todos os requisitos: Questão social, fundo histórico, atuações excelentes, cenas dramáticas. O filme não fica perdendo em nada à qualquer dos indicados desse ano, sendo até mesmo superior a alguns.


   Através da narrativa em primeira pessoa de cinco pessoas diferentes - 2 brancos e 3 negros - Mudbound constrói uma história tão realista que chega a ser difícil de assistir em alguns momentos. É algo parecido com o que aconteceu comigo quando eu assistia "12 anos de escravidão", uma sensação pesada enquanto assistia a um filme. Mudbound pelo menos termina num tom mais leve, mas nada é fácil para os personagens desse filme, principalmente aqueles que são negros.
    Comparei, em sentimentos que me causou, Mudbound a um vencedor do Oscar, 12 anos de Escravidão. No entanto, o filme não concorre nessa categoria, tendo sido indicado apenas por fotografia, roteiro e melhor atriz coadjuvante (Mary J. Blige, excelente como Florence). Como um filme concorre a melhor roteiro adaptado mas não a melhor filme? Coisas do Oscar, já aconteceu algumas vezes. O que me incomoda mesmo é a sensação de que essa história teria sido mais lembrada se não fosse uma produção da Netflix.


   Não é irônico que um filme sobre o racismo e preconceito sofra de preconceito? Não se trata aqui de questão racial mas sim preconceito por ter sido por um serviço de streaming. Mesmo tendo passado nos cinemas (é requisito para o Oscar) o filme ainda foi esnobado pelos sindicatos nessa premiação tão importante. O Oscar sempre foi muito injusto mas creio que já está na hora de Hollywood parar com essas picuinhas contra produtoras como a Amazon, Netflix e Hulu. Se o fizesse, essa lista de indicados desse ano talvez tivesse Mudbound concorrendo a melhor filme.
   O lado positivo é que você pode assistir ao filme e perceber toda a injustiça que foi cometida no conforto da sua casa: Mudbound já já estará disponível na Netflix. O filme é um pouco longo mas está longe de ser insosso - há personagens que nos dão tanta raiva que dá vontade de socar a tela e cenas que são tão pesadas e doloridas que sequer dá pra chorar. Para você ter uma ideia: A Ku Klux Khan aparece nesse filme. 
   Desculpe a piada ruim mas esse filme é "BBB": bom, bonito e bem escrito. 
    Nota 8

|TRAILER|

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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