Na escuridão da mente - Paul Tremblay (Resenha)
Uma família resolve fazer um reality show sobre a suposta possessão demoníaca da filha mais velha, como forma de pagar as despesas do tratamento da menina. Anos depois, a filha mais nova relembra a história e conta a sua versão do que aconteceu naquela época.
O plot de Na Escuridão da mente é interessante e instigate por si só. Mas a execução da história é igualmente boa e, com isso, temos aqui um dos melhores livros de terror que já li.
A história é narrada por Merry, sobre coisas que aconteceram quando ela tinha seus 8 anos. Esse olhar de criança sobre os eventos foi uma escolha muito acertada do autor; uma criança não tem muitos argumentos racionais para lidar com o medo e o sobrenatural, ela só sente. E o leitor, ao entrar em contato com essa história sob o ponto de vista de Merry, sente também.
Já comentei algumas vezes e torno a repetir: histórias de terror tem um elemento de tristeza e perda muito grandes. A maioria dos filmes não conseguem captar isso, por isso é sempre uma experiência meio incompleta assistir a filmes de terror em que essa tristeza não está ali.
No caso de livros, os melhores têm um lado dramático bem desenvolvido, de forma com que nos importemos com os personagens e possamos nos conectar com eles ao longo de suas (muitas ou poucas) páginas.
Na escuridão da mente consegue combinar bem essa tristeza com o medo. Ao mesmo tempo em que morri de medo de Marjorie depois que ela foi supostamente possuída também senti muita pena dessa menina de 14 anos e de tudo o que ela estava passando. O mesmo ocorreu ao ver Merry, a irmã que narra a história, passar de adoração ao temor da própria irmã. Outra coisa legal no livro são as referências à filmes e histórias de terror. Alguns trechos são posts em um blog que só fala de coisas nesse gênero e foi legal ler e entender todas as referências feitas nesses momentos da história.
Até a parte 1 a história estava bem interessante mas só um pouco assustadora. Mas na parte dois, alguém tem a ideia de fazer um exorcismo e é aí que o bicho pega (literalmente?).
O relacionamento entre as irmãs, Marjorie e Merry, e o questionamento por parte da irmã mais nova sobre a possibilidade da outra estar fingindo, tudo isso me lembrou bastante de Invocação do Mal 2. O sentimento de desconfiança com relação ao que é contado traz um elemento a mais para a história, me deixando ainda mais curiosa pelo seu desfecho.
O final não traz respostas claras para essa dúvida mas também não chega a ser nenhum final aberto como o de "As Perguntas". É possível fazer várias interpretações da história e, no entanto, apenas uma frase me ocorre repetidamente, sempre que penso nesse livro que é "O ser humano é o pior demônio que existe".
Nota 9 - muito bom
"Isso é um pesadelo e jamais acordaremos dele"Quando você pensa "ah, ok, é aqui o ápice do livro" acontece algo que muda completamente a visão que você tem da história. Eu já disse isso aqui antes mas vou deixar como um questionamento dessa vez: Será que um narrador em primeira pessoa é confiável?
O final não traz respostas claras para essa dúvida mas também não chega a ser nenhum final aberto como o de "As Perguntas". É possível fazer várias interpretações da história e, no entanto, apenas uma frase me ocorre repetidamente, sempre que penso nesse livro que é "O ser humano é o pior demônio que existe".
Nota 9 - muito bom
Olá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!