Bingo - O Rei das Manhãs (Review)

sexta-feira, outubro 27, 2017 0 Comments A+ a-


   Eu nunca gostei muito de palhaços e ler IT, no início desse ano não ajudou a melhorar muito minha opinião sobre eles. Porém, quando fui assistir Anabelle 2, assisti ao trailer de "Bingo - o rei das manhãs" e fiquei interessada na história de Ascenção e Decadência do homem que está por trás do palhaço. Fiquei mais interessada ainda quando descobri que toda a história desse filme é livremente inspirada numa história real, de um dos atores que interpretaram o Bozo nos anos 80.    
   A história de Augusto Mendes, nome do personagens que interpreta "Bingo", tem vários elementos já conhecidos desse tipo de trama. Augusto começa como ator de filmes pornô (aquelas chanchadas da década de 70) mas, quase por acaso, acaba fazendo o teste para o papel de Bingo e - surpresa! - sendo escolhido.   
    Augusto tem um filho de uns 9/10 anos chamado Gabriel e algumas partes do filme acontecem sob a perspectiva desse menino. Ao mesmo tempo em que fica feliz pelo sucesso do pai, Gabriel não pode revelar a ninguém que ele é o Bingo. As decisões de Augusto depois da fama também parecem priorizar Gabriel cada vez menos e essas são as cenas mais tristes do filme.
    Falando em atuação, o filme está cheio de grandes nomes, como Leandro Leal, Vladimir Brichta, Emmanuelle Araújo... O elenco todo é muito bom, cada um dos atores consegue transmitir a verdade do seu personagem.
   Claro, não basta só um elenco bom para se fazer um filme de sucesso. Bingo tem também uma ótima trilha sonora (tanto a original quanto as músicas dos anos 80 selecionadas para compor a história são muito boas) e uma direção que consegue navegar entre o humor e o drama presentes do roteiro. A produção é impecável: em todos os aspectos, parece um filme dos anos 80.
   Não vivi a época do filme, por isso algumas cenas pareceram semi-biográfica pareceram meio absurdas para mim. Quem leva a Gretchen para um programa infantil? Para nossa realidade isso é algo incompreensível, mas os tempos lá eram outros e o filme não teme mostrar isso, indo desde cenas de bullying contra crianças até músicas e atrações inapropriadas como as que citei.    A queda do "maior palhaço do Brasil" ocorre pelo uso intenso de drogas. Augusto já se drogava antes de virar Bingo mas, com dinheiro e fama, acabou entrando ainda mais nesse mundo. Há algumas cenas fortes para mostrar a vida desregrada do "personagem" e outras para mostrar a consequência desse estilo de vida no trabalho e na vida pessoal. Uma das minhas cenas favoritas do filme acontece perto do final, com Augusto caracterizado e no ar, mostrando que até o trabalho dele começava a ser comprometido. É a gota d'água (ou melhor, gosta de sangue) que falta para que o ator alcance o fundo do poço.
   Se você ainda tem preconceito com produções brasileiras, está na hora de deixar isso de lado e dar uma chance a filmes como Bingo. Não adianta reclamar que "brasileiro só faz comédia" e ir ao cinema só pra ver "Minha mãe é uma peça" (que também é um ótimo filme). Comédia é legal, mas o cinema brasileiro vai além disso.
   Bingo tem elementos de comédia mas o desenvolvimento da história é um crescendo, entrando cada vez mais no drama, além de ter o melhor que o cinema brasileiro tem a oferecer, em termos técnicos e artísticos.
    Um dos melhores filmes do ano e recomendo para todos que gostam de dramas e narrativas bem contadas.
      Nota 9

P.S.: Depois que escrevi esse texto saiu a notícia de que Bingo iria representar o Brasil no Oscar 2018.

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


Olá, seja bem-vindo!

Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?

Obrigada!