Dr Fausto - Thomas Mann (Resenha)

sexta-feira, setembro 08, 2017 0 Comments A+ a-

  
   A história de um homem que vende sua alma ao diabo na esperança de alguma gratificação terrena não é nova. Em Dr. Fausto de Thomas Mann o homem é Adrian Leverkuhn, um jovem e talentoso músico. Sua "biografia" é narrada por seu amigo de infância, Serenus Zeitblom, que começa a escrevê-la em meio a segunda guerra mundial. 
   A história de Adrian acaba servindo como metáfora da própria nação alemã, que também fez, de certa maneira, um pacto faustico com Hitler para assumir o domínio mundial. A deterioração da Alemanha e de Adrian vão acontecendo simultaneamente na narrativa do autor, muito embora a história do músico e compositor tenha se passado anos antes da sina alemã. Zeitblom, o suposto narrador da história, vai dando algumas pinceladas "do momento atual" em que está narrando a história, antes de se voltar para o passado. 
   Meu primeiro do Thomas Mann, tive alguma dificuldade com a escrita do autor no começo. Não só porque sua forma de narrar é das mais antiquadas e com vocabulário pouco utilizado; também suas ideias e concepções filosóficas e musicais estão muito além da minha capacidade intelectual. 
   Tirando esse desconforto pelas digressões que eu até agora não entendi e o ritmo arrastado da história, gostei muito da experiência de ler Dr. Fausto. Uma das reflexões que mais me chamou a atenção foi quando o autor afirma que inovar é como andar numa esfera - mais cedo ou mais tarde acabamos voltando ao início, ao primitivo. 
   Essa afirmação dialoga com a concepção de que a história mundial é cíclica, que as coisas estão meio que se repetindo ao longo dos anos, em maior ou menor grau de imitação. Com as notícias recentes de neonazistas nos Estados Unidos, ler esse conceito em um livro escrito durante a segunda Guerra mundial não deixa de ser simbólico. 
   Com certeza terei que ler Dr. Fausto algum dia, quando tiver mais bagagem filósofica para entender algumas discussões que ocorre no período em que Adrian passou na faculdade de teologia e em outros períodos do texto. Mesmo assim não me arrependo de ter lido esse lido agora, aproveitando a leitura coletiva que o Marcos Amaro propôs no canal dele. Ler Dr. Fausto desperta todas as sensações e reflexões que temos ao ler um legítimo clássico mundial.
   Recomendo aos que tiverem paciência e vontade de conhecer esse calhamaço impressionante, tanto pelo tamanho quanto pelas ideias nele expressas. 
   Nota 8 - bom livro

Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro


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