Um conto de duas cidades - Charles Dickens (Resenha)

sexta-feira, agosto 25, 2017 1 Comments A+ a-

   

   Um conto de duas cidades é um romance histórico de Charles Dickens, que se passa no período da revolução francesa. Como o nome já deixa antever, as história se passa entre Londres e Paris, acompanhando personagens ingleses e franceses.    
Tudo começa com um homem que foi, por muitos anos injustamente preso, sendo finalmente libertado. O dr. Manette, já um pouco fora de si devido ao longo confinamento, conhece a filha que nasceu enquanto ele estava no cativeiro e, graças à Lucie (sua filha) aos poucos recobra a sanidade.    
   Quando finalmente solto e, antes de ir morar com a filha em Londres, o sr. Manette é acolhido pelo sr. Defarge, seu antigo criado, e sua esposa. Mesmo depois que o doutor vai embora, a história permanece com os Defarge por alguns capítulos, já que ambos são elementos chaves para a revolução que ocorreria dali alguns anos.    
   A sra. Defarge, que começa como uma personagem secundária, logo vai crescendo na trama, conforme revelações são feitas. Seu próprio marido, o mais ferrenhos dos defensores da República, é incapaz de se igualar a ânsia assassina da mulher, que tem como melhor amiga "A Vingança". Literalmente, sua melhor amiga tem esse nome mas, conforme vamos acompanhando a história, vemos um maior simbolismo nessa escolha de nomes.   
   Enquanto isso, na Inglaterra, Lucie conhece o sr. Charles Darnay e por ele se apaixona. Infelizmente, o sr. Darnay é acusado de traição e tem sua vida em risco. Nesse momento turbulento Lucie conhece Sydney Carlton, um auxiliar de advogado cínico e cansado de si mesmo e da vida errante que leva, mas incapaz de algo fazer para mudar seu destino.    Carlton aparece muito pouco durante toda a história mas, suas aparições e diálogos tem aquele caráter essencial e que tem as aparições dos personagens principais de uma trama.    Sim, Lucie e Charles são os focos narrativos principais mas, ao mesmo tempo, a impressão que se tem é que Sydney Carlton ocupa um papel muito maior na história, papel esse que sempre parece estar para ser revelado.    
   Sendo o personagem mais misterioso e complexo do livro, não é de se surpreender que tenha se tornado um dos meus favoritos durante a história. A inércia de Carlton é um pouco irritante, ainda mais porque não sabemos exatamente o que ocorreu com ele para levá-lo a tal estado, apenas conhecendo os fatos que virão a tirá-lo desse estado de incapacidade. Mesmo assim, Carlton é um personagem que cresce junto com a história e se torna ainda mais especial depois que tudo se encerra.    
   A trama gira em torno desses personagens e de mais alguns outros. Todos vão se relacionando um com os outros daquela forma intrínseca que ocorre nas histórias desse autor. Muitas coincidências parecem um pouco forçadas, mas não podemos esquecer que as histórias de Dickens eram populares justamente por seus personagens carismáticos e seu caráter "novelesco".   
   Falando um pouco do autor, desde "Grandes Esperanças" me considero grande fã de sua escrita e de suas histórias, capazes de fazer rir e chorar entre um capítulo e outro. Um Conto de Duas Cidades, porém, não possui uma leitura tão fluida. Talvez pela necessidade de apuro histórico, que restringe a criatividade do autor, ou por se tratar de uma história com cores muito mais pesadas do que as que eu li anteriormente, o fato é que demorei um pouco para me interessar por essa trama ou esses personagens. As últimas 100 páginas, porém, mudaram esse quadro pra melhor, trazendo os momentos mais incríveis do livro, e o retorno do Dickens que eu conheci nos outros livros que li do autor.   
   Uma questão que sempre me ocorre é "você prefere ser justo ou misericordioso?" e acho que a leitora desse livro me fez refletir um pouco mais sobre essa questão. A misericórdia nem sempre é justa, pois significa deixar para traz o mal que o outro nos fez e escolhermos, ao invés disso, o perdão. E a justiça, por mais correta que pareça, pode as vezes ser tão cruel quanto uma vingança, principalmente no período em que a história é narrada. Dickens faz questão de nos mostrar o sofrimento do povo francês para em seguida mostrar o quanto é cruel a justiça que eles se puseram a fazer.   
   Esses são alguns dos pensamentos que me ocorreram enquanto lia esse livro e, aliado aos personagens interessantes e ao emocionante desfecho, são a razão pela qual eu indico esse livro.    
   Talvez, se a pessoa não leu ainda nada do autor, Um conto de duas cidades não seja o melhor início. Mas, de todas as outras formas, essa é uma leitura que vale muito a pena.   
   Minha única ressalva é que o livro seja lido sem pressa, um capítulo por vez. Isso não só facilitará a leitura como vai evitar que a impaciência do leitor se acentue pois há muitos capítulos em que muito pouco acontece. Porém, assim que as coisas começam de fato a se concretizar, o leitor é recompensado com um belo desfecho, que faz jus ao belo parágrafo inicial desta história. 
   Nota 8 - um bom livro   


Nascida no interior de SP, formada em Publicidade e Propaganda, sempre gostou de dar palpites sobre filmes, séries, animes, livros e o que mais assistir/ler. Autora do Blog "Resenhas e Outras Cositas Más" (Miss Carbono) e "Coisas de Karol". No Twitter fala de política, séries e da vida (não necessariamente nessa ordem). Siga: @karolro

1 comentários:

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lay Lay
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23 de agosto de 2018 às 22:12 delete

Eu amo esse livro e meu personagem preferido é o Sydney Calrton

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