|FILME| Cidades de Papel (Resenha / Review)

sexta-feira, julho 17, 2015 0 Comments A+ a-



   Quentin está no ultimo ano do Ensino Médio e tem sua vida toda planejada: ele vai ser médico, se especializar em oncologia, casar e ter filhos aos 30 anos. Margo, sua vizinha e primeiro amor, é o oposto: já fugiu de casa vezes sem conta e vive se metendo em confusões (ou aventuras, depende do ponto de vista). Quando eram crianças Quentin e Margôocostumavam ser amigos mas acabaram crescendo separados, embora Q. ainda tenha uma queda por ela. 
   Uma noite, Margo pula a janela do quarto de Quentin e o chama para uma de suas aventuras, um elaborado plano de vingança. Ele até hesita mas aceita e vive uma das melhores noites de sua vida. O problema é que, depois dessa noite, Margo simplesmente desaparece. 
   Agora, com Margo desaparecida, cabe a Quentin interpretar as pistas que ela deixou e encontrá-la. Para isso ele conta com a ajuda de seus dois melhores amigos Ben e Radar, além da melhor amiga de Margo, Lacey. A busca parece levar a uma "Cidade de Papel" e os jovens partem numa aventura. Cidade de papel é o nome dado a uma  cidade inexistente, colocada em mapas para proteger direitos de reprodução: assim, se alguém copiasse um mapa com uma cidade de papel X, esse cartografo poderia provar que o mapa foi copiado já que nele haveria essa cidade inexistente. 
   Eu tinha expectativas bem neutras com relação a esse filme. Primeiro pensei que fosse um romancinho/draminha no gênero de "A culpa das estrelas", que é do mesmo autor. Depois vi o pessoal que já assistiu dizendo que é melhor "A culpa é das estrelas" comecei a ter uma certa esperança de que a história fosse valer a pena, mas ainda com o pé atrás - afinal o filme estava sendo divulgado como 'aventura' e eu não sabia muito o que esperar disso. 
   Mas é como dizem, de onde nada se espera é que não vem nada mesmo. Mesmo tendo em mente de que se trata de um filme adolescente e para adolescentes, de que o objetivo é o entretenimento, não tive como gostar de Cidades de Papel. Sim, o filme tem várias cenas divertidas, os amigos (Quentin, Radar e Ben) são os típicos nerdões de quem é impossível não gostar, o filme tem uma mensagem meio saudosista bonitinha... Mas nada disso apaga o fato de que o plot da história é uma droga (desculpem o termo, foi o mais bonitinho que achei). 
 Desde o desaparecimento de Margo até a obsessão de Quentin, tudo é completamente inverosímel, por que a história não nos dá nenhum bom motivo para os personagens agirem como uns completos malucos. Se você fugiu de casa, por que deixar pistas? Se quer mostrar que está bem por que não deixa um bilhete? Será que Quentin não se tocou que, se Margo quisesse vê-lo, ela teria o chamado para fugir com ela? 
   O pior é que não existe nenhum questionamento dessa situação absurda. Não há um único personagem para chegar no Quentin e dizer que ele está fora da sua mente, que viajar a droga do país inteiro com o carro da mãe é uma ideia ridícula e que essa garota tinha passado os Ãºltimos 7 anos ignorando a presença dele e não merecia o esforço.  Nenhum! E outra: onde estão os pais desse menino? Não tem um adulto nesse lugar não? A mãe do Quentin só aparece para levá-lo na escola e os pais dos outros jovens são citados superficialmente. 
   Enfim, nem Ansel Elgort (com uma participação relâmpago) ressuscitam esse enredo natimorto. Talvez esteja pegando pesado com o filme mas ele peca no básico, que é convencer o expectador da possibilidade da história. Sem essa base, Cidades de Papel se torna uma porção de situações absurdas amontoadas, com uma ou outra cena engraçadinha com um desfecho que te faz pensar que o autor se acovardou em fazer o que teria mais sentido para a história. (SPOILER: Margo deveria ter se matado e Quentin estar seguindo essas pistas todas só por que ela queria que alguém encontrasse o corpo. Ou então ela poderia nunca ter sido achado, o que também teria mais sentido do que aquela conversinha ridícula no café FIM DO SPOILER). 
   Se você quiser ver esse filme, recomendo que assista "A culpa é das estrelas" de novo - ou qualquer outra coisa que não seja essa história absurda. Nota 6 - não gostei. 


P.S.2: me vejo julgando o John Green pelos filmes derivados em suas obras e me antipatizando com o autor antes de ler seus livros (o mesmo que ocorreu com o Nicholas Sparks). Alguém me indica um livro dele que realmente valha a pena? "A culpa é das estrelas" é o melhor mesmo ou tem algum outro? 

"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


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