|RESENHA| Battle Royale - Koushun Takami

sexta-feira, maio 08, 2015 0 Comments A+ a-


                 Todos os anos dezenas de adolescentes são presos a uma arena, em um local desconhecido e obrigados a lutar até a morte até que apenas um sobreviva. O vencedor será noticiado por todo o país. Os escolhidos são selecionados em aparente aleatoriedade, o que contribui para o clima de medo do país, que nesse futuro distópico, é controlada por um governo opressor e ditatorial.  Jogos Vorazes? Não, estou falando de Battle Royale, livro lançado em 1999 pelo japonês Koushun Takami e que, embora Suzanne Collins jure nunca ter lido, tem muitas semelhanças com o clássico YA.
                A primeira vez que eu ouvi falar sobre esse livro foi numa resenha do NUPE, quando o livro ainda não havia sido lançado em português. Me lembro que eles elogiaram o livro, que foi lançado antes de Jogos Vorazes, mas afirmaram que essa história era muito mais descritiva e graficamente forte do que o livro mais conhecido. Fiquei levemente interessada mas, como não tinha lido nem Jogos Vorazes naquele tempo, acabei esquecendo o assunto.
                Desde então li o primeiro e segundo volume da série da Suzanne Collins (e vi os filme) e batalho para terminar o terceiro, algo que espero conseguir até o lançamento do ultimo filme em outubro/novembro. Vi que esse livro foi lançado no Brasil e aproveitei o Black Friday do ano passado para adquiri-lo, começando a lê-lo imediatamente.
                No livro conhecemos Shuya Nanahara um jovem do 9º ano da escola de ensino fundamental Shiroiwa, um jovem que quer ser astro de rock e que se sente vagamente incomodado pelo regime atual, mas não o suficiente para fazer qualquer coisa sobre isso. Todos na classe de Shuya estão viajando de ônibus, numa espécie de excursão, quando algo estranho acontece: O ônibus para e um gás e lançado dentro dele, e a última coisa que Shuya se lembra antes de dormir é de um homem mascarado entrando pela porta da frente.
Cena do Anime Battle Royale

                Quando acorda ele está numa sala de aula com um uniforme escolar, típico daquelas escolas japonesas (quem assiste animes deve saber) enquanto as meninas uma versão feminina dos mesmos uniformes colegiais. Um homem estranhamente animado os informa que eles foram os selecionados para participar do Jogos Vorazes Programa daquele ano, ou seja, todos teriam que lutar entre si até a morte. Shuya percebe que estão todos com um colar preso ao pescoço e o homem informa que todos estão sendo monitorados por aquela "coleira": dessa forma, ninguém pode escapar ou se fingir de morto, pois eles perceberiam.
                Uma coisa que sempre me incomodou em jogos vorazes é a possibilidade dos participantes poderem se esconder indefinidamente num local, fazendo a edição dos jogos se arrastar por vários dias. Em Battle Royale esse problema é resolvido, pois toda a 'Arena' é separada em quadrantes que, 4 vezes ao dia, seriam um a um proibidos, obrigando os participantes a estar em constante movimento. Além disso se, nas primeiras 24 horas ninguém houvesse matado ninguém, os explosivos conectados as coleiras explodiriam e todos iriam morrer, não restando nenhum 'vencedor' para o Programa.

                São detalhes, sim, mas que fazem de Battle Royale uma história muito mais pensada e plausível que Jogos Vorazes e uma leitura muito mais agradável também. Embora os principais sejam Shuya e Noriko (que a certa altura do 'Jogo' passam a nutrir sentimentos amoroso um pelo outro) cada capítulo é centrado em um dos 42 alunos da turma, através de um narrador onisciente. Na prática isso significa ver todas as mortes que ocorrem durante a disputa mas também conhecer as motivações e ações de outros personagens.
                Como já está se tornando um hábito, não me simpatizei muito com Shuya ou Noriko mas sim com personagens secundários, cujas histórias significaram bem mais para mim. Shogo, Hiroki,  Shinji e, principalmente Takako Chigusa. Essa ultima aliás, é a única personagem feminina que não se comporta nem como uma anta completa (como Noriko, a principal) nem como uma psicopata promíscua como Mitsuko Soma - todas as outras meninas do grupo, infelizmente, variam entre um extremo e outro.
                Essa maneira rasa com que se descrevem e retratam os personagens femininos é outra coisa em comum que Battle Royale tem com animes e mangás. Mas os diálogos, as mortes, as reviravoltas... tudo me lembrou um anime e, como gosto muito deles, isso me fez gostar ainda mais da história que li bem rapidamente, apesar da grande quantidade de páginas (663).
                Chorei um pouco com a história de Takako mas, no geral, permaneci bastante indiferente aos rumos do livro, já que, desde a primeira página, já estava meio claro quem iria sobreviver aquilo tudo. Somente no final é que lamentei de fato uma morte: essa morte, aliás, estragou um pouco o livro para mim, já que tudo acaba perdendo um pouco do sentido.
                Mesmo assim recomendo Battle Royale para você que gosta de thrillers sanguinolentos. Vejo o pessoal reclamando da violência da história mas, se considerarmos que se trata de um livro em que as pessoas tem de matar umas as outras, até que não é tão violento assim. Sim, as mortes ocorrem, mas não são descritas de uma forma que causa desconforto real para o leitor ou algum tipo de angústia. Na verdade, correndo o risco de ser chamada de sádica nos comentários, as mortes são até divertidas e interessantes.
                Quem se chocou com o conteúdo certamente se pautou em Jogos Vorazes para ao livro mas, apesar das minhas comparações do inicio, já estava preparada para uma história bem mais pesada. Falando em comparações, é impossível não fazê-las, ainda mais quando você considera que esse livro foi publicado 9 anos antes da série teen. Mas isso não é assunto novo, então não imagino alguém vindo me xingar aqui nos comentários por que digo que Jogos Vorazes kibou (um pouco) Battle Royale.
                Tirando o final, essa história cumpriu seu objetivo de entretenimento. Fico feliz de ter esse livro na minha estante, embora, depois dessa leitura tão cheia de ação e poucos mimimis, tenha se tornado muito mais difícil terminar de ler "A Esperança".

  Nota 8 - um bom livro


"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


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