|Resenha| Incendeia-me - Tahereh Mafi

sexta-feira, janeiro 02, 2015 0 Comments A+ a-


   |ATENÇÃO|  Esse é o terceiro livro da trilogia "Estilhaça-me" e a resenha pode conter spoiler do primeiro e segundo livro. Para ler sobre os outros livros da série clique aqui


         Juliette acorda e não sabe onde está. Tudo o que ela sabe é que, depois do tiro no peito que levou, ela deveria estar morta... Mas então ela reconhece o quarto e a pessoa a sua frente: Warner.
Ela descobre então que o ponto Ômega foi completamente destruída e a possibilidade de alguém ter saído de lá com vida é extremamente remota. Incapaz de aceitar um final tão trágico para Kenji, Adam e os outros, Juliette ataca Warner e pede para visitar o lugar onde um dia o ponto Ômega existiu. Ela não sabe o que pensar, não sabe o que sentir, principalmente com Warner tão diferente do maníaco controlador que ela conhecera. 
         Warner agora é mais calmo, mais cuidadoso e parece ouvir tudo o que Juliette tem a dizer. Ele mudou, Juliette pensa, ou esse apenas mais um truque? Revelações sugerem que esse é apenas o verdadeiro Warner e que tudo o que ela pensava saber sobre ele estava incorreto. Não tendo mais porque odiá-lo, o que Juliette irá fazer com a crescente atração que sente por ele? 
         Quem me conhece sabe que sou #TeamWarner desde o primeiro livro da série, quando ele era um maluco homicida e cruel mas, ainda assim, um personagem mais interessante que Adam (e que a própria Juliette). Warner é intenso, magnético e provavelmente maluco - mas continua um charme mesmo assim. 
          Mas, mesmo torcendo por ele, nunca (nunca!), nem em meus sonhos mais surreais, eu poderia imaginar um livro como 'Incendeia-me'. Provavelmente eu deveria começar dizendo que Warner está completamente diferente do primeiro livro e até mesmo do segundo livro, quando ainda escondia seus verdadeiros sentimentos com uma mascara de charme e arrogância. Warner parece ter ficado tão abalado pela quase-morte de Juliette que não consegue mais alcançar aquela postura indiferente e distante, por mais que tente.
O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui. (Fonte: Tumblr)
         Ele não começa a ser um doce com todos e até mesmo com Juliette tem seus momentos "não quero falar sobre isso". Mas vemos, logo do início, que ele a ouve, que se importa com que Juliette pensa e sente. E que está disposto a tudo para que ela seja feliz. 
           Eu poderia falar do Warner em toda a resenha, sobre sua nova atitude e sua lenta tranformação num mocinho. Mas não foi isso o que mais me impressionou em "Incendeia-me" - a maior mudança no terceiro livro ocorreu na protagonista/narradora, Juliette.
           Onde está aquela menina que chora a cada 2 capítulos? Aquela jovem que não se encaixava com o mundo a seu redor e que só queria viver feliz para sempre com seu príncipe encantado - Adam? A jovem que não queria saber de guerra contra o Restabelecimento parece ter morrido depois daquele tiro. A nova Juliette faz o que a maioria das mocinhas de YA deveriam fazer e não conseguem: tomam conta do próprio destino (e chuta alguns traseiros no processo). 
Esta garota está me destruindo (Créditos)
            Como o próprio livro diz, não se trata de Warner ou Adam. Se trata da própria Juliette, de como ela consegue agora ficar confortável em sua própria pele, com seus poderes. Como ela pode escolher com qual dos dois ficar se mal conhece a si mesma? A própria heroína parece ter consciência desse fato e, embora ainda com dificuldade de se expressar em palavras, consegue impor suas vontades - para Warner e para Adam. E, finalmente, resolve assumir o papel que lhe cabe na revolução contra o Restabelecimento.
            A questão é que essa "nova Juliette" não agrada a todos. Na resenha de 'Liberta-me' eu já havia comentado o quando Juliette é submissa quando está com Adam, em oposição a garota desafiante que toma conta quando Warner está por perto. Adam quer a menina pela qual se apaixonou, e não a garota madura e com planos de controlar o país pós-revolução. Ele pensa que Warner fez algum tipo de lavagem cerebral com ela, e o culpa pro essa súbita mudança, mal percebendo que essa "nova" persona esteve sempre ali, visível para o leitor apenas em vislumbres ao longo de toda a trilogia. 
"...Acha que não sei como é esse olhar? Acha que eu não saberia reconhecer? Ela costumava olhar para mim desse jeito. Eu a conheço... Eu a conheço tão bem...
- Talvez não conheça." ( diálogo entre Adam e Kenji p. 159)
      Não li o livro em pessoa nem do Warner e nem do Adam e sinceramente não acho que acrescentarão muito a minha compreensão da história, talvez uma informação ou outra a respeito do estranho dom de Warner em ler os sentimentos das outras pessoas, ou do que de fato pensa Adam com o sumiço de Juliette. Mas não acho que seja relevante ler tais histórias agora, não quando já terminei a trilogia principal. 
     Mas quando terminei de ler "Incendeia-me" eu quis pegar "Estilhaça-me" e começar tudo de novo, dessa vez sabendo o que sei agora, para tentar identificar se esses eram os planos da autora desde o princípio ou se ela apenas mudou sua história original quando percebeu que a fanbase de Warner era mais forte. O livro da a entender que sempre foi Warner e me convence disso mas preciso ler os livros anteriores novamente, só para ter certeza. 
        Porque um título nunca foi tão preciso: a história foi incandescente do inicio ao fim, incendiando tudo o que eu acreditava saber sobre os personagens, sua motivação e seu destino. Fui pega de surpresa mas me diverti muito, tanto que li o livro em menos de 24 horas e estou aqui já para escrever sobre ele, tamanha minha empolgação.
    Tudo é perfeito? Certamente não. Alguns artifícios da autora para 'solucionar' o triângulo foram muito clichês (transformar um personagem num babaca, surgir com uma quarta pessoa na história). Mas a maioria das explicações fizeram sentido - era como se a autora tivesse lido todos os meus pensamentos e tivesse colocado tudo lá, ainda conseguindo me surpreender um par de vezes - como na explicação sobre o pássaro. 
Eu quero fazer uma lista de todas as suas coisas favoritas e eu quero estar nela. (Fonte: Pinterest)
      Já gostava da série antes mas 'Incendeia-me' fez com que a trilogia adquirisse novo status para mim. Agora está sem dúvida entre as minhas séries favoritas, daquelas que releria diversas vezes se pudesse. Sim, a escrita da autora continua cheia de metáforas e me fez ler diversas vezes a mesma frase só para entender completamente. Sim, há muitos furos e falhas. Mas há também uma história envolvente, narrada em primeira pessoa e capítulos curtos, de forma que o leitor se vê enlaçado pela trama e sem conseguir largar o livro até o final. 
        O lado ruim é que é o ultimo livro. A série acabou e não verei mais Warner, ou Juliette ou Kenjji. 
       Vou sentir muita falta de novas histórias sobre esses personagens. Mas há sempre as releituras, certo? 
         
        Nota 9 - muito bom     


"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


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