|FILME| A mulher de preto 2 (2015) (Resenha / Review)

sábado, janeiro 31, 2015 0 Comments A+ a-



        "O que faz um bom filme de terror?" é uma questão muito subjetiva, já que a resposta varia de pessoa para a pessoa, sendo que uns prezam por determinadas características e outros, por outra as vezes completamente distintas. Para mim, um bom filme de terror (e nisso englobo suspense, horror e outros termos para o mesmo tipo de filme) deve ter duas coisas: Sustos e medo, sendo o segundo o fator primordial. 
          Muitos podem dizer que ambas as coisas estão interligadas, que quando mais você tem medo da história de um filme mas você se assusta mas não é bem assim. Quem nunca caiu naquele labirinto no power point que, do nada se transforma no rosto de uma menina possuída? Depois do susto, que é totalmente involuntário, risos. Por que não há medo real ali, você dá um grito automático mas logo depois esquece e segue sua vida normalmente (a não ser que você tenha um problema cardíaco, mas aí é outra história). 
            Em "A mulher de preto 2" eu experimentei algo parecido. O filme conta a história de um grupo de crianças que, devido a guerra, vive num abrigo. Muitos possuem pais mas esses estão impossibilitados de deixar a cidade, outros são orfãos. Um desses orfãos é Edward, uma criança triste, que se recusa a falar com qualquer pessoa. Edward não solta uma palavra durante toda a viagem de trem que vai de Londres até a 'Mansão do Pântano', local para onde o abrigo se mudará, afim de se proteger dos bombardeios de Londres. Junto as crianças apenas a professora Eve e a diretora do abrigo, Jean
         Eve logo se sente cativada pelo menino orfão, ao mesmo tempo em que sofre pelas suas próprias perdas. Imediatamente quando chega a mansão ela sente ali um clima opresivo mas credita isso a situação da mansão, que parece estar caindo aos pedaços. Com o passar dos dias, no entanto, uma série de acidentes começa a acontecer e Eve tem certeza de que algo (ou alguém) sobrenatural está causando esses problemas. 
            Se no primeiro filme temos um protagonista completamente cético, interpretado com perfeição por Daniel Radcliffe, em 'A mulher de preto 2' temos Eve, uma mulher crédula até demais, interpretada por uma atriz novata e bem mais ou menos. Eve, enquanto personagem, não despertou meu interesse ou minha torcida: ela é uma mistura de TODOS os clichês possível de heroínas de filme de terror, aliás, só as piores características se me permitem dizer. Que espécie de pessoa, em seu primeiro dia em uma casa estranha, ouve um barulho e vai até o porão com uma vela? E ainda fala "Olá" naquela escuridão? Somente uma heroína de filme de terror. 
            Eve é tão histérica e perturbada que, se no final do filme, descobrissem que ela era uma maluca eu não ficaria surpresa. A obsessão dela com a criança, Edward, não faz o menor sentido, a não ser que tenha alguma informação sobre isso no prólogo do filme, que perdi graças a fila quilométrica do cinema (Obrigada, cineflix). Em oposição a sua atitude instável há a diretora do abrigo, Jean, que parece representar a razão mas só é teimosa e cabeça dura mesmo. Não importa no que você acredita, quando as crianças que são sua responsabilidade começam a morrer você faz alguma coisa. Qualquer coisa
              Como no primeiro filme, sempre que alguém vê 'A mulher de preto', uma criança morre. Mas, dessa vez, 'A mulher de preto' parece especialmente interessada em Edward, aparecendo especialmente para ele e 'matando' seus desafetos, mesmo havendo outras pessoas e crianças na casa. Eve também vê 'A mulher de preto' mas só por que a procura, saindo para vasculhar a casa quando todos estão dormindo, indo até a cidade para perguntar aos vizinhos sobre ela... Como Arthur Kipps em 'A mulher de preto', Eve é quem desvenda a história por trás dessa estranha série de mortes e busca derrotar o mal que assombra a casa. 
              Como um filme feito para entretenimento, tenho que julgá-lo pela sua capacidade de me entreter como espectadora, novamente algo muito subjetivo do que técnico.  Observando isso, não posso dizer que 'A mulher de preto 2' seja um filme ruim. Temos muitos 'sustos' nesse filme, uma espécie de alívio para a tensão e suspense frequentes, mais que no filme anterior. Ou seja, 50% dos meus requisitos para um bom filme de terror foram cumpridos, eu tapei meus olhos e fiquei aguardando preocupada se algo ia acontecer e quase sempre acontecia mesmo. 
                 Mas e quanto ao segundo aspecto que faz um filme de terror, o medo? Para mim, o medo acontece quando você consegue se envolver na história e realmente se colocar no lugar dos personagens. Se for 'familiar' para você, se você pode se imaginar naquela situação aterrorizante, seja por ser algo que você tenha medo na sua vida cotidiana, ou simplesmente pela atuação e história, então o filme te causará medo, e te fará lembrar de uma cena nos momentos mais absurdos (como a hora de dormir). 
                 Seja pela atuação fraca da atriz que vive a protagonista (ela não consegue levar o público através do suspense e da história, deveriam ter escolhido um nome mais experiente), seja pelo roteiro mais hollywoodiano e menos como um conto de terror (na qual o primeiro era baseado), "A mulher de preto 2" simplesmente não conseguiu me levar até o próximo estágio que faz um bom filme de terror: mesmo tendo me assustado em diversas cenas (em uma delas fiquei até de pernas bambas) o filme não me deu medo

                 Indico para os que querem um bom passatempo para assistir com os amigos, gritar bastante e seguir com a vida. Certamente não ali nenhuma cena clássica, apenas uma ou duas que entrariam para um clássico de WTF* - como uma pessoa pode dialogar embaixo dágua? - e duvido que se tornará o filme favorito de alguém. Mas é uma boa pedida para uma noite de sábado chuvosa, principalmente se você esquecer do primeiro filme e se concentrar exclusivamente nessa nova história (na comparação a sequencia perderá). 
              Minha nota é 7,5 - um filme bem razoável, que ganha meio ponto por conseguir me assustar um par de vezes. Como aquele labirinto do power point com a moça do Exorcista.  

* Quando um ator/atriz não consegue te 'vender' o personagem, tudo fica um pouco ridículo não? Foi o que aconteceu comigo, que colecionei momentos em que pensei "que merd@ é essa?" enquanto assistia.

"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


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