Resenha: O pecador - Tess Gerritsen

domingo, março 23, 2014 2 Comments A+ a-

               O pecador é o terceiro livro da série “Rizzoli & Isles”. Embora a trama principal seja independente, vale a pena acompanhar as protagonistas nos livros anteriores (respectivamente O cirurgião e O dominador).

               A Dra. Maura Isles é conhecida como a “Rainha dos mortos” entre seus colegas policiais e legistas. Mas até mesmo sua compostura gelada é abalada com a cena do crime que surge diante dela: Duas freiras assassinadas brutalmente em um convento. Junto a detetive Jane Rizzoli, Maura irá tentar desvendar os detalhes desse homicídio, ao mesmo tempo em que tenta lidar com o retorno inesperado de seu ex-marido.
               A Dra. Isles já tinha aparecido brevemente em O dominador, mas, nesse livro, sua participação na história adquire ares de protagonista, com direito a capítulos em terceira pessoa narrados sob seu ponto de vista. Já Rizzoli, embora igualmente importante para a trama, está longe da obsessão e intensidade do primeiro livro. A heroína também enfrenta certos problemas particulares que acabam se sobressaindo frente à investigação.
               Uma das coisas que mais gosto dessa série é o suspense médico, a descrição de autópsias e procedimentos que irão revelar o que aconteceu na cena do crime. Muitas vezes a identidade do assassino não é conhecida pelo leitor, portanto não é aquele suspense de “Quem matou...” mas sim a investigação e o processo de descoberta do assassino que são interessantes.
               Nos livros anteriores acompanhamos alguns momentos em que o serial killer, em primeira pessoa, narra seu prazer e suas reflexões sobre suas matanças. Mas O pecador não é um livro sobre serial killers, infelizmente. Dessa vez o importante é descobrir os “porquês” do homicídio e para isso somos levados há uma história que tem inicio a cerca de um ano atrás, já que uma das vítimas está grávida.

               Como não podia faltar em livros que tem algum mote religioso, há aquela velha discussão sobre a fé. Ambas as protagonistas não acreditam em Deus e, mais importante, não acreditam em si mesmas. Maura reflete se deve dar uma nova chance ao seu marido Victor, mas não acredita que eles possam dar certo juntos, pois são muito diferentes. Ela também tem que lidar com a indesejada atração pelo pároco da igreja onde ocorreram os homicídios, um homem que tem a fé como o objetivo de vida.
               Já Rizzoli, que já não vinha bem desde O dominador, agora parece mais calma, porém com um drama maior em suas costas. Não é mais um assassino que a persegue mas as responsabilidades e escolhas que irá ter de fazer – e que afetarão seu relacionamento com o agente do FBI Gabriel Dean.
               Li O pecador sem pressa, como costumo fazer com os livros dessa autora. Tess Gerritsen escreve muito bem, mas seus livros não são thrillers alucinados e sim histórias bem elaboradas e interessantes para os momentos de lazer. Como disse acima, dá pra perceber que, nesse livro, a investigação forense é deixada um pouco de lado, o que me decepcionou um pouco, já que havia me acostumado (e aprendido a apreciar) todo o jargão médico das histórias da autora. A ausência de um serial killer na história diminuiu bastante o nível de ação da história – comparado aos livros anteriores ‘O pecador’ é um livro melhor elaborado, porém com um ritmo mais lento.
               Apenas uma coisa me incomodou de verdade nesse livro e foram as ligações românticas das protagonistas. Uma coisa que me irrita em Tess Gerritsen é que ela cria mulheres fortes como Rizzoli e a Dra. Isles, só para fazer com que elas derretam ao primeiro sinal de testosterona. Ambas as protagonistas são bem sucedidas e inteligentes, mas parecem meter os pés pelas mãos quando se trata de relacionamento, passando a agir como mocinhas indefesas de um romance de banca. Me vi torcendo para que os casais não dessem certos, para que Rizzoli fizesse a escolha mais pragmática, para que nada mudasse no universo das personagens por que sabia – e sei  - que se houvesse um happy ending o próximo livro seria um porre.
               Dá para dizer que o final foi feliz, porém (Graças a Deus!) ainda tenho algumas esperanças para a próxima história, embora não sei se irei compra-lo tão cedo. Rizzoli, minha personagem favorita, aquela que me fez comprar os outros livros depois de ‘O cirurgião’, já não é mais a mesma de antes. E Maura Isles, apesar de interessante como a ‘Rainha dos mortos’, não é uma protagonista tão dinâmica quando Jane Rizzoli.


               Indico essa série se gostar de tramas bem escritas e com um ar médico (quase ausente nesse ultimo livro mas espero que volte nos próximos). O pecador não é o meu livro favorito de “Rizzoli & Isles”, ainda prefiro O dominador, mas é uma história importante para a evolução dos personagens principais então dou nota 7,5 um bom livro mas tirei meio ponto pela mudança pela mudança no mote ‘suspense médico’ e na personagem Jane Rizzoli. 

Página do livro no Skoob

"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica

2 comentários

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Anônimo
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27 de março de 2014 às 13:24 delete

Eu tenho muita vontade de ler a série, por causa do mistério e da investigação. Você não consegue parar de ler até final. Faz o estilo CSI, né? E ainda tem o suspense médico, que dá o diferencial.

Bjs ;)

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Unknown
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2 de abril de 2014 às 10:48 delete

Ainda não li esta série, mas parece legal... principalmente por causa do suspense médico, parece bem diferente! Deve ser interessante se embrenhar nas tácnicas que são utilizadas pra descobrir o assassino...
Bjus, adorei a resenha!
Paty Algayer - http://www.magicaliteraria.com/

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