Resenha: Em chamas – Suzanne Collins (Jogos Vorazes #002)
No segundo
volume da trilogia Jogos Vorazes nos deparamos com uma Katniss tentando seguir com sua vida depois dos Jogos. Quase um ano se passou e, embora ela
ainda seja uma figura publica, algo que sempre a incomoda, ela já não é tão
assediada quanto no inicio: Katniss até mesmo consegue voltar a ir a floresta
para caçar com seu amigo Gale (apenas nos domingos, mas tudo bem).
No distrito 12, agora que eles tem um
campeão – ou melhor, dois deles – as coisas também melhoraram. Eles agoram
recebem suprimentos mensais da Capital e, de maneira geral, todos sobrevivem
melhor com mais alimentos, sem que seja necessário colocar mais cesteiras para
o sorteio nos próximos Jogos.
É então que
uma visita do Presidente Snow
estraga qualquer ilusão de normalidade ou final feliz. Snow ainda está
insatisfeito com a conclusão dos últimos Jogos, pois a atitude de Katniss
(simular um pacto de suicídio com Peeta) foi enxergado como muitos como um
desafio a autoridade da Capital. Ele a instrui a utilizar a turnê da vitória
que ela e Peeta farão dentro de poucos dias, para tentar convencer as pessoas
de que tudo não passou de um ato sem sentido de dois jovens apaixonados, e não
de um desafio.
Katniss faz
esse acordo, mesmo imaginando que será praticamente impossível convencer as
pessoas de seu amor por Peeta. Principalmente quando os dois não se falam desde
o final dos Jogos, a não ser por palavras frias um para o outro. Mas Peeta
concorda em voltar a fingir ser amante apaixonado e a farsa de ambos se
reinicia – mas será que isso será o
suficiente?
Se em Jogos Vorazes nos deparamos com uma
Panem dominada por uma ditadura quase inabalável, no livro ‘Em chamas’ podemos
ver uma pequena fagulha de revolução. Esse livro, embora ainda utilize como um
pano de fundo os ‘Jogos’ e tudo o que aconteceu (ou acontecerá) na disputa, acaba tratando de aspectos bem mais
amplos. Se antes o importante era derrubar o adversário e sair vivo, no segundo livro algumas pessoas começam a
clamar pela sua liberdade e os adversários passam a ser os carrascos: O
próprio governo de Panem.
Katniss é uma heroína extremamente
relutante em fazer qualquer ato de rebeldia contra a capital, chegando a beirar
a covardia em alguns momentos. Mas quem
poderia culpa-la? Com responsável pela sua família, para ela não é tão
simples começar um levante contra a Capital em seu distrito – é mais fácil
fingir estar apaixonada por Peeta e torcer para que todos acreditem.
Falando de Peeta, nesse livro gostei um pouco mais
dele, não está tão inocente quanto no primeiro. Porém é um pouco irritante a maneira como a autora coloca esse personagem,
como um herói sem macula e perfeito, diante das imperfeições que a própria
Katniss carrega. Como o livro é narrado sob o olhar de Katniss, imagino que
essa visão de Peeta seja um reflexo da paixão da mocinha por ele mas isso não deixa
menos irritante o fato dele ser tão desapegado de si mesmo, a ponto de
praticamente jogar Katniss para Gale em algumas conversas.
"Gale é meu. Eu sou dele. Qualquer outra coisa é impensável" - pág. 129
Sobre Gale... Ainda estou esperando ele fazer
algo realmente odioso que me faça perder completamente a simpatia por ele.
Tenho certeza de que isso vai acontecer em algum momento do ultimo livro por
que não é possível que as pessoas não se sintam, ao menos , um pouco inclinada
a torcer por ele na disputa pelo amor de Katniss. Todo mundo que já leu a
trilogia inteira fala que odeia esse
personagem, o que, nesse momento da história, não faz qualquer sentido. Gale é
imperfeito, mas é um cara mais real do que Peeta e sua armadura reluzente. Pena
que não temos mais dele no livro.
O fato de
que o casal principal é realmente
Peeta e Katniss deve pesar um pouco nessa escolha da autora de manter as
aparições de Gale ao mínimo, claro. Tenho a impressão de que somente nesse
livro é que Katniss se apaixona por Peeta, ou melhor, é nesse livro que ela
permite se apaixonar por ele. É como se, com a situação dramática que ela passa
a viver, suas barreiras fossem cedendo... Portanto, se tudo acabar bem no final
da trilogia (espero que sim), Katniss deveria agradecer ao Presidente
Snow por tê-la unida a Peeta – afinal foi ele quem fez com que a ‘Katniss
durona’ desabasse para se transformar nessa mártir apaixonada.
" - Não é estranho o fato de eu saber que você arriscaria a sua vida para salvar a minha... E não saber qual é a sua cor favorita?" - Peeta, pág. 61
Ainda
falando sobre personagens, em “Em chamas”
somos apresentados campeões de outras edições dos Jogos como Finnick (o bonitão) e Johanna (a metida a besta). Não posso
citar muito sobre esses personagens sem soltar spoilers apenas digo que gostei
de ambos, embora no começo tenha me irritado com toda essa pose de “garoto
dourado” de Finnick e toda a soberba de Johanna. Ambos são o tipo de personagem
que se desenvolve ao longo da trama, algo que enriquece qualquer obra.
De maneira
geral, gostei do livro, embora as
primeira 170 páginas (mais ou menos) tenham sido um sofrimento para mim. A
narrativa em primeira pessoa, cheia de especulações e mimimis que a autora
emprega não me agrada nem um pouco. Some isso e o fato de que eu não sou muito
fã de YABooks, nem de distopias ou drama... Bem, já dá para perceber que toda a história de Jogos Vorazes é o
oposto do que eu realmente aprecio em um livro.
"Este não é um lugar para uma garota em chamas" - pág, 279
Mas,
conforme as páginas foram passando, me peguei ansiosa (mais e mais) pelo desfecho. Nas ultimas páginas eu precisei parar,
dar uma arejada, por que não me aguentava mais de ansiedade/tensão com os
acontecimentos. Collins me lembra um
pouco J.K. Rowling nesse sentido – ambas vão envolvendo os leitores com
ganchos em praticamente todos os finais de capitulo até que... BUUM! Lá estamos
de nós completamente fisgados e caídos na história. A diferença é que J.K. é
mais detalhista e menos politica em seu texto mas ambas são excelentes autoras
(mesmo que não sejam minhas preferidas).
Sobre o
final da história... Achei previsível, mas fiquei realmente frustrada com o que ocorreu. Sinceramente,
não me sinto nem um pouco motivada para ler ‘A esperança’, prevejo mais sofrimento por ai. Mas acho que a
curiosidade acabará falando mais forte.
Bem, minha nota é 8 - um bom livro, que recomendo aos fãs de aventuras/romances/YA Books.
CINEMA
Li o livro
um pouco antes do dia 15 de novembro,
para não ficar naquela expectativa que muitos fãs tiveram e, mesmo assim,
confesso que estou contando os dias para a estréia. Me pergunto qual será a
classificação indicativa de ‘Em chamas’ pois, há uma meia dúzia de cenas
sangrentas/assustadoras que, embora não sejam tão gráficas, não poderão ser
assistidas por um publico LIVRE, por exemplo.
De qualquer
modo, essa é uma das poucas sagas teen adaptadas para o cinema no qual confio
totalmente. Não só por que Suzanne Collins (a autora) encabeça a produção do
projeto mas também por que nada menos que a ganhadora do Oscar, Jennifer Lawrence, interpreta Katniss
Everdeen. Apenas uma atriz realmente boa seria capaz de interpretar fisicamente
todas as nuances da personagem – e é isso o que Jennifer mostrou ser capaz no primeiro filme.
Olá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!