Resenha: Em chamas – Suzanne Collins (Jogos Vorazes #002)

quinta-feira, novembro 14, 2013 0 Comments A+ a-




ATENÇÃO: Essa é a resenha do 2º livro da trilogia “Jogos Vorazes” e pode conter spoilers do livro anterior a esse. Para ler a resenha do primeiro livro da trilogia, clique aqui.

            No segundo volume da trilogia Jogos Vorazes nos deparamos com uma Katniss tentando seguir com sua vida depois dos Jogos. Quase um ano se passou e, embora ela ainda seja uma figura publica, algo que sempre a incomoda, ela já não é tão assediada quanto no inicio: Katniss até mesmo consegue voltar a ir a floresta para caçar com seu amigo Gale (apenas nos domingos, mas tudo bem).
            No distrito 12, agora que eles tem um campeão – ou melhor, dois deles – as coisas também melhoraram. Eles agoram recebem suprimentos mensais da Capital e, de maneira geral, todos sobrevivem melhor com mais alimentos, sem que seja necessário colocar mais cesteiras para o sorteio nos próximos Jogos.
            É então que uma visita do Presidente Snow estraga qualquer ilusão de normalidade ou final feliz. Snow ainda está insatisfeito com a conclusão dos últimos Jogos, pois a atitude de Katniss (simular um pacto de suicídio com Peeta) foi enxergado como muitos como um desafio a autoridade da Capital. Ele a instrui a utilizar a turnê da vitória que ela e Peeta farão dentro de poucos dias, para tentar convencer as pessoas de que tudo não passou de um ato sem sentido de dois jovens apaixonados, e não de um desafio.
            Katniss faz esse acordo, mesmo imaginando que será praticamente impossível convencer as pessoas de seu amor por Peeta. Principalmente quando os dois não se falam desde o final dos Jogos, a não ser por palavras frias um para o outro. Mas Peeta concorda em voltar a fingir ser amante apaixonado e a farsa de ambos se reinicia – mas será que isso será o suficiente?

            Se em Jogos Vorazes nos deparamos com uma Panem dominada por uma ditadura quase inabalável, no livro ‘Em chamas’ podemos ver uma pequena fagulha de revolução. Esse livro, embora ainda utilize como um pano de fundo os ‘Jogos’ e tudo o que aconteceu (ou acontecerá) na disputa, acaba tratando de aspectos bem mais amplos. Se antes o importante era derrubar o adversário e sair vivo, no segundo livro algumas pessoas começam a clamar pela sua liberdade e os adversários passam a ser os carrascos: O próprio governo de Panem.
            Katniss é uma heroína extremamente relutante em fazer qualquer ato de rebeldia contra a capital, chegando a beirar a covardia em alguns momentos. Mas quem poderia culpa-la? Com responsável pela sua família, para ela não é tão simples começar um levante contra a Capital em seu distrito – é mais fácil fingir estar apaixonada por Peeta e torcer para que todos acreditem.
            Falando de Peeta, nesse livro gostei um pouco mais dele, não está tão inocente quanto no primeiro. Porém é um pouco irritante a maneira como a autora coloca esse personagem, como um herói sem macula e perfeito, diante das imperfeições que a própria Katniss carrega. Como o livro é narrado sob o olhar de Katniss, imagino que essa visão de Peeta seja um reflexo da paixão da mocinha por ele mas isso não deixa menos irritante o fato dele ser tão desapegado de si mesmo, a ponto de praticamente jogar Katniss para Gale em algumas conversas.

"Gale é meu. Eu sou dele. Qualquer outra coisa é impensável" - pág. 129

            Sobre Gale... Ainda estou esperando ele fazer algo realmente odioso que me faça perder completamente a simpatia por ele. Tenho certeza de que isso vai acontecer em algum momento do ultimo livro por que não é possível que as pessoas não se sintam, ao menos , um pouco inclinada a torcer por ele na disputa pelo amor de Katniss. Todo mundo que já leu a trilogia inteira fala que odeia esse personagem, o que, nesse momento da história, não faz qualquer sentido. Gale é imperfeito, mas é um cara mais real do que Peeta e sua armadura reluzente. Pena que não temos mais dele no livro.
            O fato de que o casal principal é realmente Peeta e Katniss deve pesar um pouco nessa escolha da autora de manter as aparições de Gale ao mínimo, claro. Tenho a impressão de que somente nesse livro é que Katniss se apaixona por Peeta, ou melhor, é nesse livro que ela permite se apaixonar por ele. É como se, com a situação dramática que ela passa a viver, suas barreiras fossem cedendo... Portanto, se tudo acabar bem no final da trilogia (espero que sim), Katniss deveria agradecer ao Presidente Snow por tê-la unida a Peeta – afinal foi ele quem fez com que a ‘Katniss durona’ desabasse para se transformar nessa mártir apaixonada.

" - Não é estranho o fato de eu saber que você arriscaria a sua vida para salvar a minha... E não saber qual é a sua cor favorita?" - Peeta, pág. 61
            
             Ainda falando sobre personagens, em “Em chamas” somos apresentados campeões de outras edições dos Jogos como Finnick (o bonitão) e Johanna (a metida a besta). Não posso citar muito sobre esses personagens sem soltar spoilers apenas digo que gostei de ambos, embora no começo tenha me irritado com toda essa pose de “garoto dourado” de Finnick e toda a soberba de Johanna. Ambos são o tipo de personagem que se desenvolve ao longo da trama, algo que enriquece qualquer obra.
            De maneira geral, gostei do livro, embora as primeira 170 páginas (mais ou menos) tenham sido um sofrimento para mim. A narrativa em primeira pessoa, cheia de especulações e mimimis que a autora emprega não me agrada nem um pouco. Some isso e o fato de que eu não sou muito fã de YABooks, nem de distopias ou drama... Bem, já dá para perceber que toda a história de Jogos Vorazes é o oposto do que eu realmente aprecio em um livro.

 "Este não é um lugar para uma garota em chamas" - pág, 279

            Mas, conforme as páginas foram passando, me peguei ansiosa (mais e mais) pelo desfecho. Nas ultimas páginas eu precisei parar, dar uma arejada, por que não me aguentava mais de ansiedade/tensão com os acontecimentos. Collins me lembra um pouco J.K. Rowling nesse sentido – ambas vão envolvendo os leitores com ganchos em praticamente todos os finais de capitulo até que... BUUM! Lá estamos de nós completamente fisgados e caídos na história. A diferença é que J.K. é mais detalhista e menos politica em seu texto mas ambas são excelentes autoras (mesmo que não sejam minhas preferidas).
            Sobre o final da história... Achei previsível, mas fiquei realmente frustrada com o que ocorreu. Sinceramente, não me sinto nem um pouco motivada para ler ‘A esperança’, prevejo mais sofrimento por ai. Mas acho que a curiosidade acabará falando mais forte.
            Bem, minha nota é 8  - um bom livro, que recomendo aos fãs de aventuras/romances/YA Books.


CINEMA

            Li o livro um pouco antes do dia 15 de novembro, para não ficar naquela expectativa que muitos fãs tiveram e, mesmo assim, confesso que estou contando os dias para a estréia. Me pergunto qual será a classificação indicativa de ‘Em chamas’ pois, há uma meia dúzia de cenas sangrentas/assustadoras que, embora não sejam tão gráficas, não poderão ser assistidas por um publico LIVRE, por exemplo.
            De qualquer modo, essa é uma das poucas sagas teen adaptadas para o cinema no qual confio totalmente. Não só por que Suzanne Collins (a autora) encabeça a produção do projeto mas também por que nada menos que a ganhadora do Oscar, Jennifer Lawrence, interpreta Katniss Everdeen. Apenas uma atriz realmente boa seria capaz de interpretar fisicamente todas as nuances da personagem – e é isso o que Jennifer mostrou ser capaz no primeiro filme.


"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


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