Resenha: Alta Tensão - Harlan Coben.
“Temos uma tendencia a acreditar que as coisas boas vão durar para sempre (...). As coisas são raras. Precisamos valorizá-las, por que elas acabam cedo demais”. (pág. 17)
Uma bela mulher entra no escritório e lhe pede ajuda. Esse seria o começo clichê de algum romance noir se a mulher em questão não estivesse grávida do oitavo mês. Suzzie T., amiga de longa data do ex jogador de basquete, agente de famosos e detetive nas horas vagas Myron Bolitar, pede que o amigo exerça mais uma vez suas funções de detetive: Quer que Myron descubra o autor de um post em sua página do Facebook.
Desse inicio simples surge uma situação mais complexa do que a própria Suzzie T. poderia imaginar, uma vez que surge um segredo capaz de mudar a vida do próprio Myron. É esse o enredo de ‘Alta Tensão’, o segundo livro de Harlan Coben que eu leio – o primeiro foi Quando Ela Se Foi, que também tem o mesmo protagonista.
A frase no inicio desse post ilustra bem o clima do livro. Se, em ‘Quando Ela Se Foi’ ainda havia humor irônico de Myron e os diálogos com seus personagens secundários para quebrar a tensão em ‘Alta Tensão’ não é isso que acontece. Aliás, talvez seja por isso que o livro tem esse nome por que, se houver outro motivo, não me atentei a ele durante a leitura.
Embora no começo os personagens que já conhecíamos dos livros anteriores tenham seu comportamento habitual, percebe-se algo de diferente no ar. É como se fosse, de fato, a ultima história de Myron Bolitar, a finalização e conclusão de tudo o que começou no primeiro livro, Jogada Mortal. Os personagens estão envelhecendo, mas não é só isso: Há algo na maneira de Coben narrar essa história, nos diálogos dos personagens, que nos faz ter a impressão de que nada será igual no “mundo” de Myron depois que essa verdade for revelada. E, como percebemos no final, nada será igual mesmo.
É por isso que estou tão dividida com relação a esse livro. Por um lado temos a escrita direta levemente irônica de Coben em mais uma história engenhosamente criada, de maneira que você não consegue sequer imaginar onde tudo se encaixa, só espera pelo desfecho. Embora eu não tenha surtado tanto quanto no livro anterior, o final de Alta Tensão me deixou impressionada com a habilidade do autor para conduzir a história. Sabe quando você lê as páginas com desânimo, pois tem a impressão que a história não está indo para lugar algum? Pois é, foi isso o que eu senti durante boa parte do livro... Só para ver (quase) tudo se encaixar com perfeição nas páginas finais.
Então, sim, o autor está de parabéns pela eficiência da história. Mesmo que alguns (mais conhecedores de sua obra que eu) tenham argumentado que não é um dos melhores livros que Harlan Coben já escreveu, digo que vale a leitura. Mas recomendo paciência nos momentos em que a história “se arrasta” – continue lendo e será recompensado.
Só pela história eu daria um sete ou sete e meio. Mas espera ai! É uma história de Myron Bolitar: Tem Esperanza, tem Win, tem Big Cindy... Esse pessoal deveria render pelo menos meio ponto a mais na resenha. Certo?
Certo seria se fossem os mesmos personagens que conheci em “Quando Ela se Foi”. Mas, é como eu disse no começo, esse livro é como uma engrenagem parando – os personagens que me divertiram tanto no primeiro livro agora estão forçados, como se estivesse faltando algo. Claro, Big Cindy continua surtada e alguns flashs de personalidade em Win, mas, sabe aquela sensação de que está acabando? Pois é, nunca gostei de finais e talvez por isso não consegui aproveitar tanto assim os personagens nessa história.
Aproveitando que citei de novo os personagens, cito Win como o grande personagem desse livro. O carisma de Win e suas atitudes são tão magníficas nesse ultimo livro que, o antes apenas amigo do protagonista, acaba co-estrelando a história com este. Ou seja, Win é tão protagonista de ‘Alta Tensão’ quanto Myron Bolitar e, mesmo não sendo o mesmo do livro anterior, ainda sim é um dos poucos personagens que não me decepcionaram desse livro.
(Aviso: Quando terminar de ler esse livro vai querer ter um amigo igual à Win).
Então, como podem ver, são duas opiniões que tenho sobre esse livro, o que me levou a demorar séculos para escrever a resenha. Por um lado temos uma trama razoável e muito bem escrita, que me impressionou e surpreendeu no final. De outro temos o clima pesado da história que fez com que a leitura se arrastasse e os personagens perdessem um pouco de seu charme.
Considerando tudo isso dou nota 7,5 – é um livro razoável e bem que merecia um 7 mas não estou me sentindo muito imparcial com relação a ele. Por isso dou 7,5 que é uma nota mais equilibrada – na minha escala de 6 a 10.
p.s.²: É claro que eu fui pesquisar no Site Oficial do Autor para saber se Alta Tensão é realmente o ultimo da série. O que descobri é que, apesar de ser o mais novo livro sobre Myron Bolitar escrito, quando perguntado se escreveria outro romance sobre o personagem, Coben respondeu que é "provável". Ou seja, não é o fim! #TodosComemora \o/
p.s.³: Juro que é o ultimo. Mas é que descobri que o autor vai lançar, em Setembro deste ano, um Young Adult sobre o sobrinho de Myron - Mickey Bolitar. O livro se chama Shelter e parece que Myron vai aparecer nessa história também (embora não como protagonista) =D
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Estou pensando em resenhar mais livros desse gênero. Você gosta de romances policiais? Comente!
2 comentários
Write comentáriosJá li um livro com romance policial e fiquei apaixonada. Tudo e mais perigoso, surpreendente.
ReplyAcho uma ótima idéia vc colocar mais resenhas assim. ^^
Adorei seu cantinho e to seguindo seu blog, segue o meu?
manuscritodecabeceira.blogspot.com
Bjs.
Gosto deste autor, pena que faz tempo que não leio nada dele.
ReplyBjs, Rose.
Olá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!