As Mil e Uma Noites - volume 1
Foi lá por outubro de 2017 que eu peguei esse livrinho para ler, disposta a iniciar meu caminho por esse clássico árabe. O "livrinho", no entanto, só está inserido as "Mil e uma Noites" por ser a minha edição de bolso: só o primeiro volume tem mais de 600 páginas. E o segundo (a minha edição só tem dois volumes) também é uma pequeno calhamaço de tamanho similar.
Enfim, peguei esse livro disposta a ler sem pressa, pensando até mesmo em ler uma das noites a cada dia. Mas esse plano não deu certo porque:
1) não consegui ler todos os dias (#shameonme)
2) não dá para ler um único dia e parar
As mil e uma Noites conta a história de uma moça, Sherazade, que começa contar uma história para o marido na noite de núpcias e não termina até bem depois. Na verdade são dois volumes dessas histórias, que vão se ligando uma a outra de forma aparentemente infinita (não cheguei ao final de tudo, então não sei se acaba ou não).
De autor desconhecido, As Mil e Uma Noites é uma espécie de reunião de histórias e lendas dos povos Árabes, sempre narrada de forma envolvente e interessante. Os temas podem parecer mundanos mas sempre algo fantástico ocorre, seja a aparição de algum ser (gênio, fada, gigante) seja por alguma coincidência maravilhosa.
Uma expressão utilizada bastante nesse livro é a de que "Sherazade retomou o fio da história". Gosto muito dessa forma de dizer que ela continuou a contar a narrativa porque mostra bem o que são As Mil e uma Noites: um tecer de várias histórias que a personagem principal vai contando para envolver seu marido Sultão. O objetivo de tantas histórias é salvar sua vida: depois de ser traído, o sultão decide que vai desposar uma mulher por noite e matá-la no dia seguinte (afim de evitar uma nova traição). Sherazade já é a quinta ou sexta esposa mas, ao contrário das outras, ela se oferece para o cargo porque está disposta a impedir que mais moças morram. Com ajuda de sua irmã, Dinazade, a protagonista começa a narrar essa história sem fim, e os dias vão passando sem que o sultão deseje matá-la - ele quer saber como a história termina.
Embora seja supostamente narrado por uma mulher, o livro tem algumas situações tão machistas que chegam a ser absurdas. Nesse momento cabe a tão famosa contextualização: não dá para julgar uma história tão antigas pelos nossos padrões atuais, não seria justo. Mesmo assim, é meio chocante perceber quão pouco valor as mulheres tinham naquele tempo; em uma das histórias, por exemplo, o homem desfigura a mulher com chibatadas porque estava com ciúme dela (e os dois ficam juntos depois disso).
Mesmo com algumas cenas bem bizarras o livro é delicioso. As histórias são todas interessantes e é impossível não ficar envolvido nesses "fios" da narradora/protagonista vai puxando. Os temas, apesar de tantos anos de sua publicação, são os mesmos que atraem grandes audiências até hoje: morte, amor, dinheiro... Histórias universais que possuem temas que qualquer pessoa, em qualquer período do tempo, consegue entender.
Por mim começaria o volume dois imediatamente mas estou lendo tanta coisa que acho que iria acabar tendo que parar no meio ou não dar tanta atenção quanto a trama merece. De todo modo, indico muito essas histórias para quem quer conhecer um pouco mais da cultura árabe, mas também para os que querem se divertir com um clássico.
Nota 9 - muito bom.
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