|RESENHA| O Psicopata Americano - Bret Easton Ellis

sexta-feira, outubro 23, 2015 0 Comments A+ a-

   PERCA TODA A ESPERANÇA AQUELE QUE AQUI ENTRAR
   Patrick Batemann é o típico yuppie dos anos 80/90: trabalha em um escritório chiquérrimo, com o uma função pouco compreensível mas que lhe rende um bocado de dinheiro. Usa roupas de grifes, anda em limosines e está cercado de tudo o que é mais tecnologicamente de ponta. Há sempre uma bela mulher em seu braço e amigos a seu redor e suas noites são repletas de festas e luxuosidades. 
  Porém há um lado de si que Patrick esconde de todos, seu verdadeiro eu, que só se manifesta quando ele está exercitando sua atividade predileta, que é matar. Um legítimo psicopata, um sádico, que executa suas vítimas sem piedade, depois de torturá-las até se entediar. 
   E essa face de assassino é narrada com detalhes no livro "O Psicopata Americano". Batemann é um narrador em primeira pessoa que parece inteiramente entediado e distante de sua própria vida e alheio as pessoas a seu redor (a não ser quando as está matando). Ele narra com detalhes um aparelho moderno ou descreve com perfeição uma roupa de grife, mas sequer repara em "detalhes" como cor dos olhos, por exemplo. Mulheres são descritas por seus atributos físicos, como se este estivesse analisando um pedaço de carne e homens são avaliados e medidos por suas posses. É um narrador fútil, vazio e, embora no começo eu tenha achado seu estilo divertido, logo o livro passou a me provocar repulsa e foi por isso que demorei tanto para terminá-lo. 
"- ...Patrick não é um cínico, Timothy. Ele é o moço que mora ao lado, não é, amor? - Não sou não - sussurro para mim mesmo. - Sou um puta psicopata fodido."
   O autor, Bret Easton Ellis, viveu por muitos anos nesse universo de ricaços e foi muito criticado quando lançou esse livro pela primeira vez, em 1991, pela mesma sociedade que antes o prestigiava, a dos ricos. Eu entendo a revolta que essas pessoas devem ter sentido com o livro, já que o personagem que emite as opiniões mais politicamente correta (em voz alta) e que mais finge se comportar como uma pessoa consciente é justamente Batemann, o psicopata. Todos os outros se comportam de maneira pior em público e, assim como o psicopata, são fúteis e alheios, ligados mais a aparência do que aos pensamentos das pessoas: quantas vezes Patrick não se revelou ao longo da história, e quantas e quantas vezes seu comportamento foi visto como 'normal' pelos seus pares? Mais do que a história de um psicopata, o livro é uma crítica a sociedade da época. 
"Essa era a geografia ao redor da qual girava a minha realidade: jamais me ocorreu que as pessoas eram boas ou que um homem era capaz de mudar, ou que o mundo podia ser um lugar melhor para quem sente prazer num sentimento..." 
   Como o disse acima, no início o livro estava até divertido. Mas, com o passar dos capítulos, a compulsão e loucura do personagem principal se tornam cada vez mais evidentes e as páginas vão se tornando penosas e difíceis. Apesar dos capítulos curtos, com aspecto de crônicas que o livro tem, não foi uma leitura rápida e, perto do final, cheguei muito perto de abandonar o livro. Parece que estava lendo um relatório da ação de um psicopata real naquelas descrições, todos os detalhes de sua perversão e falta de empatia ali assinalados, na cara do leitor que, com o tempo, também se sente cúmplice desses atos, já que é o único que os testemunha, vez após vez. Se isso mostra o talento do autor, então parabéns para ele, mas não foi algo que eu apreciei ler. 
   Enfim, terminei de ler e já vim aqui escrever a resenha, quero tirar esse livro da minha mente o mais rápido possível. Não sou fresca para leituras ou entretenimento mas há algo de realismo nesse livro, algo que fez com que a leitura se tornasse quase insuportável. Não recomendo para ninguém, leia por sua conta e risco. Nota 6 - não gostei.

ESTA NÃO É A SAÍDA

P.S.: Sobre o filme: não assisti, queria ler o livro antes. Agora, depois de terminado o livro, acho que não vou assistir esse filme é nunca. 
P.S.2: A edição da L&PM tem uma "chamada" na capa, uma crítica que compara Ellis a Dostoievski. Nunca li o autor russo e, embora achando a descrição exagerada e pretenciosa, fiquei com receio de ler esse autor, agora. 
P.S.3: A frase do início e final da resenha são as que marcam o inicio e final do livro. 

"My work always tried to unite the true with the beautiful; but when I had to choose one or the other, I usually chose the beautiful." -- Hermann Weyl Miss Carbono que é o numero 6 na tabela periodica


Olá, seja bem-vindo!

Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?

Obrigada!