Mentes Perigosas: O psicopata mora ao lado. - Ana Beatriz Barbosa Silva
Minha primeira resenha sobre um livro de não-ficção então sejam legais.
Nesse livro, Ana Beatriz Barbosa Silva, psiquiatra e palestrante, escreve sobre um assunto polêmico, até mesmo no ambiente médico: Os psicopatas e como reconhecê-los. O de livro tem 3 apresentações, escritas por 3 pessoas diferentes, entre elas a autora de novelas Glória Peres, que classificou-o como “um livro perturbador...".
Quis ler esse livro, não só por que tenho uma curiosidade natural por psicopatologias mas também por que a autora Glória Perez afirmou em uma entrevista que esse livro a inspirou a criar a personagem Yvone de “Caminho das Ãndias”. Não sou fã de novelas mas como gosto de um bom vilão fiquei curiosa para saber que tipo de inspiração haveria nesse livro.
O que encontrei, nas 219 páginas desse livro só pode ser descrito como decepcionante. A escrita da autora é fraca, cheia de clichês e pontos de exclamação, além de quase sempre “chover no molhado”, afirmando várias vezes a mesma coisa: Psicopatas não têm coração, não tem sentimentos, são monstros e você tem que correr como o Diabo da cruz se conhecer algum.
Esperava um livro sobre psicologia com uma linguagem mais popular e talvez por isso tenha me decepcionado tanto. Senti que, apesar de ser uma psiquiatra conhecida, a autora deixou-se levar sobre sua opinião pessoal do que é um psicopata, usando um argumento cientifico aqui e outro ali mas no geral só dizendo o que pensa mesmo.
Foi como se eu estivesse lendo um panfleto, daqueles que são entregues para alertar a população sobre alguma doença especÃfica. Nos panfletos explicam as coisas de maneira simplista a superficial e dar diversos avisos sobre como combater tal mal, sempre frisando uma certa mensagem para que a pessoa que está lendo faça se conscientize e aja da maneira correta.
Em “Mentes Perigosas” ocorre o mesmo. A maneira como é descrita a mente psicopata, só se limitando a colocá-los como monstros etc, etc. e a caracterizar os “sinais” de que alguém é um psicopata é superficial e vazia. Em um certo perÃodo do livro eu até tive esperanças de que o assunto poderia se aprofundar um pouco mais, que foi quando a autora citou o papel da criação na definição de uma personalidade antissocial mas Ana Beatriz Barbosa não se fixou muito nesse caminho. Preferiu colocar que o psicopata nasceu assim e pronto.
Não sou especialista em psicologia, mas acho que um livro desses só serve para disseminar um pânico nas pessoas em geral, é sensacionalismo puro. Apesar do que foi dito, considero sim o sociopata um doente mental, mesmo que o único sintoma seja a falta de sensibilidade para o sofrimento alheio. Pode não haver cura e as pessoas realmente tem que tomar cuidado caso cruzem com esse tipo de pessoa, mas não são só os psicopatas que fazem mal às outras pessoas, eles não são os únicos vilões do mundo como a autora quis pintar.
Além disso, colocar os “sintomas” da psicopatia é o mesmo que convidar todos os sabichões que lêem o livro a aplicar esse teste em amigos e conhecidos. Isso pode gerar uma série de situações no mÃnimo embaraçosas, por que não é um teste da “Revista Capricho” e sim algo para detectar um transtorno de personalidade. Ou seja, não é qualquer um que pode identificar um psicopata – mesmo com todas as ‘valiosas’ dicas da Dra. Ana Beatriz.
O que me incomodou mesmo foi essa insistência em afirmar que a pessoa nasce com isso e pronto. Descobri que gosto muito mais do termo “sociopata” por que acredito que o contexto social tenha muito mais a ver com a psicopatia do que a biologia em si. É claro, há a parte biológica, mas o ambiente também é um fator a ser considerado.
No geral é um livro para ser lido como entretenimento, durante uma viagem ou nas férias mesmo. Leia, fique ligeiramente intrigado com o que a autora diz e até tente identificar um ou outro amigo psicopata, mas só por diversão, não considere isso um livro mais importante do que realmente é.
E, caso queira dar uma de “Glória Perez” e ler esse livro para criar o vilão de sua próxima história, eu sugiro que leia outra coisa. Por que os psicopatas descritos em “Mentes Perigosas” dariam péssimos personagens: São muito maniqueÃstas e tem pouca profundidade. Assim como o livro que os descreve. Nota 6 – não gostei.
***
E você? Costuma ler não-ficção? Comente!
6 comentários
Write comentáriosNossa, esse é o tipo de livro que eu gostaria de ler, mas realmente quando um livro só faz alarde e não trata realmente do assunto, não dá.
ReplyFicou na dica para não adquirir se eu quiser me aprofundar no assunto. E a psicopata criada pela Glória Perez foi péssima, foi até vivida pela LetÃcia Sabatella, parecia uma vilã qualquer.
Ponto pra sinceridade na resenha!
Bjs!
Mikaela
Pérolas & Pipocas
Comprei esse livro de presente para uma amiga e fiquei na vontade de compra-lo para mim... Depois de ler sua resenha essa vontade só aumentou rssss...
ReplyFaz poucos dias que inauguramos nosso blog literário e gostarÃamos muito de sua visita em nosso cantinho. Te esperamos lá ok???
Beijosssss
Jura que voce nao gostou? Eu queria bastante ler esse livro :/
Replyxx carol
Discordo de sua opinião... Só quem já teve a vida devastada por esses demônios pode entender e valorizar o alerta que este livro lançar no ar. Antes da autora afirmar que não existe cura para psicopatas e que devemos fugir deles como o diabo da cruz, eu já havia constatado isso pessoalmente. Fica a dica.
ReplyEU ESTIVE CASADA COM UM HOMEM IGUAL ESSE DO LIVRO,ELE ME BATIA ESPANCAVA EU CHAMAVA A POLICIA ELE CORRIA DESPOIS ELE EGIA NORMALMENTE,MESMA COISA QUER NADA ESTIVESSE ACONTECIDO. ELE ERA SARGENTO DA PMMG, HOJE E ESTAR APOSENTADO, EU LARGUEI DELE,MAS ATE HOJE NAO TEHO SOSSEGO,ME PERSEGUE,E REALMENTE UM MONSTRO. SO dEUS NOCAUSA
ReplyVivi com uma pessoa ma 6 anos (militar da marinha) e ele era exatamente como descreve o livro, primeiro bonzinho onde todos ficavam encantados com suas qualidades. Depois com o passar do tempo suas atitudes foram se modificando até me roubar( jóias, objetos trazidos do exterior,...) e agir como nada tivesse acontecido. Sofri muito onde ligando com o tempo cada fato que me ocorreu, cheguei a perceber que até água que bebi estava envenenada por ele. O que é pior pra mim é que me separei dele com muito medo, sem ter a oportunidade de provar tudo que me fez de mal e que ele continua solto, por aà fazendo com outras pessoas o mesmo ou até pior.
ReplyOlá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!