Resenha: Cinquenta Tons de Cinza - E.L. James
Sem spoiler
Uma
jovem inocente. Um homem sedutor, misterioso, fascinante e extremamente belo.
Um triângulo amoroso (Ou não, já que a
mocinha só tem olhos para o mocinho e o ‘terceiro’ é apenas um bom amigo).
Isso tudo parece familiar?
Escrito
e divulgado online como uma FanFic de Crepúsculo, 50 Tons de Cinza teve seus
direitos comprados por uma editora americana e se tornou um sucesso editorial.
Mas antes tiveram que mudar o nome dos personagens: Edward Cullen agora é Christian
Grey, Isabella “Bella” Swan se torna Anastásia “Ana” Steele, Jacob é José... E
assim sucessivamente.
Confesso
que me interessei por esse livro apenas por essa familiaridade com a série da
Stephenie Meyer, queria saber como seria essa tal “versão erótica” de
Crepúsculo. Além disso o sucesso
editorial de “50 tons” também me impressionou: O livro já foi traduzido para as
mais diversas lÃnguas, é o livro mais vendido na história da Inglaterra (31 milhões) e no
mês de julho representou 75% das vendas de ‘Ficção Adulta’ nos Estados Unidos.
É
importante falar de números quando se trata desse livro, pois, com números tão
expressivos, também vem a expectativa. Por que é tão vendido? Por que fez tanto
sucesso? Comprei na Bienal do livro e comecei minha leitura
assim que retornei da viagem.
Passando
para o enredo, o livro conta a história de Anastasia e sua atração instantânea
e irremediável pelo empresário Christian Grey. Ana deseja aquele homem
maravilhoso e ele também parece encantado com ela, porém, Christian quer Ana em
seus próprios termos.
Depois
de fazê-la assinar um contrato de confidencialidade, para que nada do que ele
disser caia na mÃdia, Christian se revela como um Dom, ou dominador sexual, e oferece a Anastasia outro contrato para
que ela seja sua submissa.
Pense
em chicotes, algemas e roupas de couro tudo que envolva prazer associado
à dor. É isso o que Christian propõe a virgem Anastásia, um mundo obscuro e ao
mesmo tempo erótico, no qual ela vai se envolvendo cada vez mais, conforme a
história vai se desenvolvendo.
Christian
é um personagem instável, controlador e praticamente atua na vida de Anastasia
como um stalker perseguindo sua presa. Ao longo do livro ele faz referências
sobre se consultar com um psiquiatra, mas tenho as minhas dúvidas se esse homem
recebe mesmo algum tipo de ajuda. Na verdade é como se Christian estivesse além
de qualquer salvação, “fodido em 50 tons diferentes”, como ele próprio diz.
Porém
esse homem complicado também tem um lado bem humorado, é lindo de morrer e
possui um passado sombrio, que “justifica” seu comportamento presente. E, como
uma presa fascinada pelo predador, Anastasia fica fascinada por ele. Eu também
fiquei, por isso entendo a heroÃna.
Narrado
em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Ana, o livro tem pouca ou nenhuma
ação, se limitando aos pensamentos românticos da mocinha, sua troca de emails com
Grey e várias cenas de sexo, das mais diversas maneiras e nas mais diversas,
situações.
É
bom relembrar que, embora tenha vários elementos de umYABook, se trata de um
romance adulto. Isso significa bastantes
cenas eróticas, foco principalmente no relacionamento do herói e da heroÃna da
história e palavras de baixo calão/palavrões. Perdi a conta da quantidade de
“Puta merda”, “porra” e “foder” que li nesse livro. Deixo isso claro para já
desaconselhar à leitura para aqueles que são sensÃveis a esse tipo de palavreado
e às situações descritas. Não é só o sexo que pode incomodar alguns leitores,
mas também a obsessão quase patológica de Christian por ser obedecido e,
também, de provocar dor em Anastasia. Obviamente tudo é consensual, mas só leia
se tiver estômago para BDSM*.
Analisando
o livro friamente, tenho que concordar com os crÃticos, pelo menos no que se
refere a escrita da autora. E.L. James não escreve bem, utiliza em excesso
algumas palavras/expressões e parece perdida em algumas partes do livro. Senti
falta de uma linha condutora que fosse além do “misterioso passado de Christian
Grey”, mas o livro se resume basicamente a isso.
"Isso não tem nada a ver com a cor cinza. Isso é pornografia" |
Claro,
a também a profusão de situações sexuais no livro. Fico imaginando o que raios
vão fazer na adaptação cinematográfica para que não fique parecendo forçado ou
promiscuo. Acho que, mais do que um ator certo ou atriz, o filme precisará de
um bom diretor, se quiser ser além de um ‘erotismo barato’ e tentar
contextualizar as cenas com a situação emocional de Christian, além de mostrar as
implicações de algumas dessas cenas no relacionamento do casal.
Voltando
ao livro, apesar de parecer repetitivo em alguns momentos, eu li esse livro em
2 dias. Tudo por que a autora tem esse hábito de terminar cada capÃtulo com um
gancho, de forma que o leitor se sinta compelido a ler o próximo. Não entendo
muito de Fics, mas, se eu não me engano, o autor divulga 1 capitulo por vez e o
pessoal vai lendo e comentando o que acha. Imagino que seja esse o motivo dos
“ganchos” e da profusão de cenas romântico-sexuais (quase uma por capitulo
mesmo) por que eu ouvi dizer que a autora não fez nenhuma adaptação antes de
publicar o livro, apenas trocou os nomes dos personagens.
O
que me faz lembrar da obsessão de alguns de rotularem “50 tons” como um cópia
de Crepúsculo. No começo vi mais relação entre as histórias, alguns diálogos de
Ana e Christian me lembraram outros de Bella e Edward e as cenas em que
Christian salva Ana (primeiro de um atropelamento e depois de um homem
‘saidinho’) também foram uma clara referência à Saga da Stephenie Meyer.
Mas
depois a história perde esse ar de fanfic, os personagens passam a tomar rumos completamente
diferentes. Se Edward não quer que Bella o toque por que tem medo de se
descontrolar e feri-la, Christian não deixa que Ana o toque por causa de seus
inúmeros traumas fÃsicos (cicatrizes) e emocionais. Ana, por sua vez, é uma
heroÃna mais corajosa e independente que Bella, não se limitando ao papel de
submissa: Ela vai até as sombras de Grey para tentar levá-lo para luz, pois
sabe que sem isso jamais poderão ficar juntos.
É
por isso que, quando eu comparo as duas histórias, eu imagino que colocaram
“Crepúsculo” em frente a um espelho daqueles de circo, que mostram um reflexo
distorcido e um pouco bizarro: Esse reflexo é “50 tons de cinza”. Você vê as
semelhanças, mas também vê diferenças tão gritantes que se pergunta se, de
fato, uma coisa surgiu a partir da outra.
Talvez
o que ambas as histórias tenham em comum é serem amadas pelo seu publico e
detestada pelo restante das pessoas. Já ouvi falarem tão mal desse livro quanto
falam de Crepúsculo, uma coisa a qual todo Best-seller está exposto: Ainda não
surgiu (e creio que demora um tempo para surgir) um livro que seja sucesso de
público e crÃtica em nosso século.
Mas,
apesar dos (muitos) pesares, eu gostei desse livro. Dou nota 8 e confesso que estou contanto
os dias para o lançamento de “50 tons mais escuros”, pretendo terminar a
trilogia e ver como esse relacionamento termina. Só não recomendaria esse livro
para alguém que nunca tenha lido nada do gênero romance Adulto, apesar de ser bem fraquinho para o gênero, pode chocar os mais sensÃveis (não digam que não avisei).
Porém
também estou um pouco temerosa: Algo me diz que essa saga não irá terminar de
uma maneira tão feliz quanto à outra que lhe deu origem. É esperar para ver.
* BDSM: “Sigla” para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão e Sadomasoquismo. Leia
mais sobre o assunto nesse artigo do
Wikipédia.
Obs.:
Termino de escrever essa resenha e, como sempre faço, só então fui ler as
opiniões de outros blogs. Destaco a resenha do Romances in Pink que,
além de sintetizar precisamente o livro, também levantou um assunto que não
tinha me ocorrido enquanto escrevia: Por que a autora retrata BDSM como uma
coisa ruim? Leia a resenha aqui.
Veja também a página do livro no Skoob.
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8 comentários
Write comentáriosPara quem gostou (ou até mesmo para quem não curtiu) do "50" descobri um que atrevo dizer ser bem mais legal: "Redes Sensuais". Achei "Redes" muito mais excitante (e plausÃvel) que o "50". A história reflete isso que acontece todos os dias, isto é, pessoas se encontrando no real e no virtual através the internet. Produto nacional, o livro tem um jeitinho mais "nosso" sem cair no lugar-comum. Porém, sendo Brasileiro não tem tanto destaque na mÃdia. Encontrei ele no FB, www.facebook.com/redessensuais não sei se existe página do livro na internet...
ReplyParabéns pela resenha! Muito em breve pretendo ler Cinquenta Tons de Cinza. Beijos!
Replywww.newsnessa.com
Já li 50 tons de cinza e apesar da história ser digamos algo bem adulto, se tornou uma história que prende você aos conflitos por qual a Anastasia passa, estou começando a ler 50 tons mais escuros e gostando bastante
ReplyEstou lendo e não consigo parar de ler...já estou ansiosa pelos "50 tons mais escuros" e "50 tons de liberdade"...
ReplyLi "50 tons de cinza",e gostei muito!É bem legal q esse "Crepúsculo" erótico deu certo,pois tenho certeza que os livros de Meyer deixaram muito a desejar no quesito pegação;jovens se pegam,é fato!
ReplyComecei a ler "50 tons mais escuros",e só paro na marra;é viciante,assim como a saga romântica de Meyer.
Gostei mto do teu texto, bem mais do que do livro, kkkkk. Li metade e estou considerando seriamente abandoná-lo, contrariando meus hábitos de ler qq porcaria até o fim... me embrulha o estômago essa questão de alguém poder se submeter à vontade de outrem assim, sem masi nem menos. Achei a relação nojenta e sem sentido, mas gosto é gosto. As cenas de sexo, só li as de antes do contrato, achei passáveis.
ReplyDenise
BDSM é condenável porque o sexo foi feito para o amor. Na maioria das vezes o utilizamos (o sexo) apenas para nosso divertimento;isso é ruim. Mas, quando o utilizamos para humilhar ou causar dor a outrem, aà é péssimo!
ReplyWhen some one searches for his essential thing,
Replytherefore he/she wishes to be available that in detail, therefore that thing is
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Olá, seja bem-vindo!
Pode falar o que quiser do filme, livro ou texto - só peço que tome cuidado para não ofender os outros leitores do blog. Nada contra palavrões mas também não vamos exagerar, ok?
Obrigada!